[Crítica] Fale Comigo é um terror tenso, brutal e interessante
Apesar dos clichês, Fale Comigo consegue se reinventar e trazer uma atmosfera assustadora nos detalhesBy - Luiz Nogueira, 7 agosto 2023 às 17:11
Fale Comigo, o novo terror da A24, foi vendido como um dos melhores e mais assustadores longas do ano. Isso foi corroborado por diversas críticas antecipadas e notícias sobre o desempenho da produção em festivais mundo afora.
Eis que o blog KaBuM! foi convidado pela Diamond Films, distribuidora do filme no Brasil, para uma sessão exclusiva e conta, em detalhes, se Fale Comigo merece os títulos citados – e também se ele de fato assusta como se propõe.
O clichê adolescente
O filme começa como vários filmes de terror atuais: jovens se divertindo em uma festa até que algo dá errado. Essa introdução já serve para mostrar um pouco do que Fale Comigo se propõe, já que, logo no começo, tem uma daquelas cenas de cair o queixo pela forma como é explícita.
Em seguida, começamos a acompanhar a história de Mia (Sophie Wilde), que acabou de perder a mãe e, por conta disso, procura em seus amigos mais próximos uma maneira de encarar o luto.
Em uma dessas de tentar se encaixar, contra sua vontade, Mia é levada por Jade (Alexandra Jensen) e Riley (Joe Bird) a uma pequena “reunião” de jovens. Mesmo estando deslocada, nossa personagem principal topa participar de uma experiência que muda sua vida para sempre.
Mão misteriosa
Isso porque Hayley (Zoe Terakes) e Joss (Chris Alosio) apresentam aos presentes no local uma mão embalsamada, que é cercada de lendas e mistérios – e que gerou um vídeo viral que deixa os mais céticos em dúvida sobre a veracidade.
Diz a lenda que essa mão pertencia a um satanista que tinha o dom de conversar com os mortos. Em certo momento, decidiram cortá-la fora para que seu dom pudesse ser usado por outras pessoas. Eis que, por conta disso, ela foi embalsamada – embora o paradeiro de seu par seja indefinido.
As regras para ter contato com o outro lado são simples: você deve apertar a mão como se estivesse cumprimentando-a e dizer simplesmente “Fale Comigo”; um espírito se manifestará e, para que a mágica aconteça, o invocador deve falar “Pode Entrar”; é aí que o espírito tem livre acesso ao corpo de quem está segurando a mão.
Por fim, a última regra é clara e a mais importante: não se pode ficar mais de 90 segundos com o espírito dentro de si, caso contrário, ele pode assumir o controle permanentemente.
A premissa de Fale Comigo é bastante simples, mas muito intrigante, já que os trailers servem apenas para confundir o espectador sobre o que vai acontecer durante o longa, o que eu achei uma decisão mais que acertada.
Por mais que o primeiro ato do filme seja clichê, nada pode preparar o espectador para as coisas que acontecem a seguir. Há muito mistério, brutalidade e intensidade durante o longa.
As atuações e o terror
E tudo isso fica mais evidente quando juntamos todo o conjunto com as atuações. Os destaques aqui ficam por conta de Sophie, como Mia, e Joe, como Riley. Desde o começo, apesar da diferença de idade, ambos mostram um vínculo forte – e bastante crível. O que ajuda a fazer a ponte para o segundo ato, em que as coisas começam a desandar.
Não posso falar muito sobre como as atuações se destacam, já que isso seria um grande spoiler sobre o curso que o filme toma. No entanto, só quero destacar uma coisa: há um certo tempo eu não ficava com tanta agonia quando via sangue na tela.
O jogo de câmera, junto de efeitos práticos, e com a cereja das atuações, fazem de Fale Comigo um dos poucos filmes de terror atuais que tem a facilidade de chocar o espectador sem a necessidade de apelar para o grotesco – embora tenha uma cena grotesca que me deixou ligeiramente nauseado.
Além disso, o longa não se prende aos clichês dos jump scares. Há um ou outro ali, mas que são, propositalmente, previsíveis. O grande destaque do filme é toda sua ambientação e como você compra a ideia da jovem que acabou de perder a mãe e, por isso, quer fazer de tudo para se encaixar – ou pior, se sentir viva novamente.
A reviravolta
O filme escalona de certa forma que, quando a grande reviravolta de roteiro acontece, não há tanto impacto. Mesmo assim, o roteiro quis arriscar, deixando mais perguntas que respostas, além de fazer uma espécie de final aberto para interpretação.
Isso não é ruim, mas pode deixar frustrado quem procura por respostas – que podem vir em uma parte dois, caso o filme vá bem no quesito faturamento nos cinemas.
Voltando à história, Mia se mostra uma protagonista forte, mas que, em meio à sua fase fragilizada, toma algumas decisões bastante questionáveis, embora não sejam as piores – como vemos em muitos filmes de terror por aí.
E aí, Fale Comigo vale a pena?
O título de um dos melhores filmes de 2023 não foi dado a Fale Comigo por acaso. A produção consegue pegar o clichê e transformá-lo em algo interessante e brutal, além de ter o poder de fazer o medo surgir de pequenas coisas.
Com um ótimo elenco e ideias interessantes, Fale Comigo é uma ótima pedida para se ver no cinema, ou em um lugar totalmente silencioso, pois a trilha sonora e a sonoplastia se destacam a todo momento, ajudando em todo o clima do filme.
O filme estreia oficialmente em 17 de agosto, com pré-vendas de ingresso começando a partir da próxima quinta-feira (10).
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