Threads ou Twitter? Veja 5 detalhes para saber escolher a melhor das redes sociais para você
As duas redes sociais têm ‘fios’ de discussão, logotipo preto e micropostagens, mas Threads e Twitter têm contextos bem diferentesBy - Rafael Arbulu, 1 agosto 2023 às 16:31
Pense rápido: micro postagens, fios de discussão, veiculação de imagens, GIFs, links incorporados, seguidores e seguidos. De qual das muitas redes sociais estamos falando? Você facilmente poderia responder “Twitter”. Se você nos acompanhou nas últimas semanas, também saberia que “Threads” é uma opção viável.
Apesar de virem de empresas totalmente diferentes e, em muitos aspectos, concorrentes, o Twitter (agora chamado “X” porque Elon Musk é meio “de lua”) e o Threads têm algumas diferenças essenciais de compreensão que podem separá-los bastante, e facilitar a compreensão de quem ainda os confunde na hora de escrever qualquer coisa na internet.
Twitter versus Threads: qual das redes sociais você deve usar?
Honestamente? Tanto faz.
Ambas as plataformas sociais ou nasceram, ou evoluíram com um intuito bem simples: gerar engajamento por meio de interações entre seus usuários, o que se converte em tração e audiência que, por sua vez, pode ser apresentada como moeda de venda de espaço digital para anunciantes. Nesta toada, o Threads ainda não tem uma prática de marketing muito definida, mas sejamos francos – é um app da Meta: eles vão fazer ali o que fizeram com Facebook e Instagram, eventualmente.
Para fins comparativos, vamos nos ater às diferenças funcionais de cada um, considerando suas versões de base: o Twitter, agora X, conta com uma divisão paga por assinatura mensal onde você tem acesso a alguns recursos extras. O Threads, por ser mais novo, ainda não tem uma política monetizada implementada. Então vamos nos manter apenas nas diferenças de suas versões de base, que são gratuitas para uso.
Isso dito, porém, os tópicos abaixo podem ter um ou outro juízo de valor caso uma plataforma apresente uma vantagem prática para o usuário, o que sentimos ser importante ressaltar no artigo.
Disponibilidade e capacidade de uso
Fundado em março de 2006, o Twitter está no mercado há mais tempo. Nascido exclusivamente como uma experiência web, a plataforma de microblogs só podia ser acessada por navegador e, ironicamente, viu apps terceirizados o levarem para os smartphones antes dele próprio criar a sua experiência móvel.
Ainda assim, o Twitter foi rápido em se adaptar a um mercado cada vez mais portátil, voltando-se ao dinamismo da transmissão da informação em caráter imediato. Hoje, “vou mandar isso para o Twitter” imediatamente remete à imagem de alguém sacando o celular do bolso para escrever, e não a tela do notebook. É bem verdade que muito disso vem mostrando inconsistências com as alterações que Elon Musk vem propagando na empresa, mas isso só começou no final do ano passado, e relegar isso à gestão do homem seria ignorar os 14 anos de história anteriores.
O Threads, por outro lado, é uma experiência exclusivamente mobile. Você pode pensar que, por ele ser derivativo do Instagram, há uma facilidade maior em portabilizar seus dados entre as duas redes – e você estaria certo: se você tem um perfil no Instagram, automaticamente seus dados são levados ao Threads para que você não tenha que configurar nada do zero, o que é uma bela iniciativa.
Entretanto, experimente tentar usar o Threads em qualquer coisa que não seja um smartphone. Pois é. Se você por alguma razão se ver sem bateria, estará automaticamente isolado do app até que um mínimo de carga seja estabelecido. Isso tem muito a ver com a “pressa” com a qual a Meta lançou o app – eles queriam aproveitar o timing das controvérsias de Elon Musk no concorrente – e muita coisa que a gente conhece do Threads hoje deve mudar em algumas semanas ou meses, mas ainda assim…o Twitter se mostra mais disponível hoje.
Postagens e mídias
Em sua versão base (ou seja, a gratuita), o Twitter traz limitações severas de postagem e produção de mídia. Ao todo, a rede social liderada por Elon Musk só permite aos seus usuários não pagantes um limite de 240 caracteres por postagem de texto – incluindo aí URLs e imagens incorporadas (ou seja, aquelas que você copia o endereço ao invés de salvar no seu dispositivo).
O Threads, por outro lado, leva uma certa vantagem aqui, com seus 500 caracteres de espaço dedicado. A questão da mídia incorporada se repete aqui, com a diferença de que o Threads tem a opção de gerar um card inteligente a partir da URL inserida – essa ação, que ocorre em segundo plano, faz com que o Threads “encurte” o link para um formato que ele entenda, mas que também economiza espaço na sua postagem, lhe permitindo ser mais criativo em seus testemunhos.
Essa premissa também se repete em vídeos: o upload no Twitter é limitado a 512 MB de tamanho – hoje em dia, qualquer vídeo de celular passa da casa dos “GB” facilmente, embora a rede faça uma compressão forte do material para que ele caiba na postagem. Entretanto, isso de nada adianta se seu vídeo passar de 2 minutos e 20 segundos. O app vai cortar o material.
O Threads não declarou publicamente o tamanho máximo aceitável de arquivos de vídeo dentro da plataforma, mas ele aceita vídeos de até cinco minutos, o que implica uma tolerância maior de tamanho de arquivo e, consequentemente, vídeos de maior qualidade, mesmo com compressões instaladas.
Entretanto, um lado ruim dos vídeos no Threads é a ausência de um ajuste de orientação: independentemente de você filmar o video na horizontal (plano paisagem) ou na vertical (plano retrato), o Threads vai forçar você a vê-lo com o aparelho em pé. O Twitter, pelo menos, “gira” o vídeo junto do celular, permitindo a visualização em tela cheia.
Engajamento e presença de público
Eu li, hoje mesmo (1), uma analogia interessante: o Twitter é como se fosse aquele apartamento situado em uma região que já foi legal um dia, mas os novos moradores tornaram a experiência quase insuportável – você só não consegue se livrar dela porque pode ir e voltar a pé do mercado mais próximo.
Em outras palavras: sim, a gestão atual está fazendo uma bagunça imensa, mas o volume de engajamento anterior, que já existia antes da mudança e segue firme apesar dela, ainda prende você à plataforma. Isso vale não só para internautas na esfera casual, mas para jornalistas, acadêmicos, anunciantes…de uma forma ou de outra, todo mundo ainda está lá.
Há também uma questão de produção de conteúdo: por estar no mercado há (bem) mais tempo, a busca por assuntos relacionados no Twitter é bem mais produtiva que no Threads. Você mesmo pode fazer esse experimento – procure por…digamos…”Star Wars” em ambas as plataformas – note que o Twitter traz resultados um pouco mais “curados”, mais perto do que você busca. O Threads ainda é bem aleatório nesse quesito.
Por outro lado, a apresentação do conteúdo é algo que foi priorizado pelo Threads desde o começo: usuários da nova plataforma conseguem incorporar fios de conversa em suas postagens sem dificuldade, o que facilita a organização dos assuntos e, para quem os lê, simplifica a compreensão de contexto.
Isso pode ser extremamente eficiente em um futuro próximo: facilitando a contextualização, campanhas de desinformação (fake news) podem ser mais difíceis no novo app. Não “impossíveis”, veja bem, mas mais trabalhosas para quem se beneficia disso.
Potencial de viralização
Aqui, temos uma situação que pode mudar da noite para o dia: é fato que o Twitter, por ter um número maior de usuários e uma presença já mais estabelecida, traz uma capacidade de viralização maior que a do Threads – um único “tuíte” pode se espalhar num piscar de olhos, e rapidamente você pode ir dormir com o ecossistema de um jeito, e acordar com ele totalmente alterado.
O Threads não faz isso hoje, mas pode fazer isso no futuro, se a Meta souber aproveitar um recurso que já tem em mãos: ao contrário do Twitter, que é seu próprio app, sua própria empresa, a plataforma da empresa liderada por Mark Zuckerberg pode facilmente ser integrada ao Instagram, Facebook e WhatsApp – cada uma, sua própria entidade sinérgica e poder de “vetorizar” e amplificar uma mensagem publicada em qualquer um de seus apps.
Sabe a expressão “maior que a mera soma dos meios”? Ela é bem útil aqui: postar algo no Threads e depois, manualmente, copiar a mesma postagem no Instagram, e a mesma postagem no Facebook, e “printar” o material para enviar no WhatsApp pode não ser lá muito eficaz, considerando que, assim, você está falando de “uma postagem para cada rede”.
Agora, imagine se o Threads ganhar alguma opção de reproduzir o post original nas outras redes, com elas levando o internauta espectador ao link original no novo app?
A Meta está fazendo isso agora? Não sabemos. Não há indícios de que a empresa vá fazer isso tão cedo, mas veja o que aconteceu com os Stories: uma postagem dessa no Instagram já conta com a opção de ser repetida, com um só toque, no Facebook – o mesmo vale para o WhatsApp.
Que a razão a Meta teria para não fazer o mesmo com o Threads?
Amarrar usuários a curto, médio e longo prazo
A principal diferença entre o Threads e o Twitter, no entanto, pode residir no fato de que eles atendem a demandas diferentes do mesmo público: o próprio Threads admitiu que não é voltado a jornalistas, por exemplo, implicando à noção de que o app não vai priorizar a veiculação de notícias.
Entretanto, um tema que virou manchete no noticiário pode facilmente render discussões mais longas no Threads, que é voltado ao conteúdo mais contextualizado e, consequentemente, requer uma leitura mais aprofundada do assunto.
O Twitter, por outro lado, ainda é o local mais indicado para a veiculação das notícias de última hora – as atualizações que aparecem de imediato por lá, em boa parte das vezes, são “tuítes antes de virarem artigos”, por exemplo. Alguém fica sabendo de alguma coisa em algum lugar e tuíta o assunto, prometendo maiores atualizações em um link de notícia ainda a ser redigida e publicada.
A capacidade de interação, em ambos os casos, é imensa, mas uma plataforma prioriza o imediatismo, enquanto a outra prefere a discussão mais aprofundada. Vai do seu gosto.
Ao final de contas, qual é a melhor plataforma social?
De novo, tanto faz: no que tange ao nosso trabalho, por exemplo, podemos usar ambas – o Threads certamente trará potencial para gerar discussões a partir do noticiário, enquanto o Twitter provavelmente seguirá gerando o engajamento repentino com notícias de última hora e furos de reportagem que “precisam sair agora”.
Por essa razão, o blog KaBuM!, por exemplo, tem um perfil em cada – olha a gente aqui no Threads e olha a gente aqui no Twitter.
Para todos os efeitos, a concorrência entre os dois apps ainda vai se aprofundar – e se acirrar – com mais detalhamento nos próximos meses: o Threads ainda está se formando, e sabe lá os deuses o que Musk pretende com o Twitter.
O ecossistema vai mudar. E você será o principal impactado nisso – para o bem ou para o mal.
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