[Review] realme C53 é ótimo smartphone para rotinas diárias, mas não espere desempenho de primeiro mundo
Novo smartphone de entrada da chinesa, o realme C53 tem design elegante e bateria gigante, mas peca na câmera e imprecisões de performanceBy - Rafael Arbulu, 21 julho 2023 às 18:04
Há que se admirar o esforço da realme em estabelecer a marca no Brasil por meio da simplicidade: por um lado, a fabricante chinesa decidiu descomplicar o rol de lançamentos, apostando em três pilares básicos – um smartphone de entrada, um intermediário e um topo de linha. Por outro, os três pilares são contemplados com modelos que, apesar de alguns tropeços, facilmente se confundem entre si no quesito “qualidade”: todos são bons, embora uns o sejam menos que outros.
O recém-lançado realme C53 não escapa a essa percepção: esse novo modelo de entrada é justamente isso – um modelo de entrada, básico na maioria de suas atribuições. Entretanto, mesmo fazendo apenas o básico, ele busca conduzir suas tarefas com a excelência vista em um topo de linha. Passamos a última semana brincando com o aparelho e, a seguir, você confere uma análise mais detalhada:
Design e desempenho “imitam” um aparelho topo de linha, mas a atenção deve ficar nos detalhes…
A primeira coisa a se perceber quando a gente tira o realme C53 da caixa é que ele é grande. Bem grande. Não que isso seja uma novidade considerando que o C55 tem 6,72 polegadas, enquanto o novo aparelho vem com 6,74 (90Hz de renovação, IPS LCD, resolução 1080 x 2400 pixels e 390 ppi de densidade) – é, 0,02 polegada a mais: seu olho é literalmente incapaz de perceber essa diferença.
Mas ressaltar o seu tamanho e seu design elegante é sempre um ponto interessante a ser trazido: estamos falando de um modelo básico, mas que tem a cara de um concorrente de primeira grandeza. O meu smartphone pessoal é um Galaxy S23 (modelo de base) da Samsung e, lado a lado, o smartphone da chinesa parece um prédio fazendo sombra sobre o da sul-coreana. Confesso que me bateu uma certa inveja, já que sou fã de smartphones avantajados.
Isso dito, há que se lembrar que um modelo de entrada desse não pode se comparar em tantos aspectos a um smartphone quanto o Galaxy: isso fica evidente logo ao abrir a tela – o brilho do realme C53 é bem…abaixo do esperado, ou mesmo do desejável. Claro que dá para ajustar mas…convenhamos, às vezes você quer só ligar o bicho e ver uns tuítes…ter que ajustar o brilho dele só para isso parece…contraproducente.
Na parte traseira, o visual o faz parecer ser de vidro, mas na verdade é plástico. Ainda assim, de uma ótima qualidade. Nós testamos o modelo na cor Champion Gold (a outra disponível se chama Mighty Black) e, uma surpresa agradável aqui, os dedos não marcam muito o conjunto, e remover manchas dele é algo surpreendentemente fácil. E convenhamos, é bem bonito aos olhos, dá aquela impressão de “celular caro” – ao menos, foi o que alguns amigos meus falaram ao vê-lo em minhas mãos (se ao menos eles soubessem: o C55, por exemplo, é vendido por pouco mais de R$ 1,2 mil).
Indo para o “recheio”, novamente, o realme C53 entrega o máximo que pode considerando a sua natureza de smartphone de baixo orçamento – mas “o que ele pode” acontece de ser um volume relativamente notável.
Você deve lembrar de quando falamos que o C55 “tentava demais” e que certos recursos pareciam nem ter sido feitos para ele. Bom, vamos acreditar que a realme leu o nosso review anterior e o levou em consideração aqui: a realme UI T Edition (Android 13) pegou tudo o que a versão 4.0 da interface daquele celular tinha que ser e…bem…ela é. A transição entre menus, a navegação, o gerenciamento energético…tudo aqui está bem equilibrado, sem engasgos.
Falando nisso, o realme C53 aprimora o que já era bacana: a bateria de 5.000 miliampére-hora (mAh) conta com tecnologia de recarga rápida (cabeada) de 33W, por meio do recurso SuperVOOC. Segundo a fabricante, entre o C55 e o C53, há uma melhoria de mais de 200% na eficiência energética para o novo aparelho.
O chipset Tiger T612 é a parte que me causou mais estranheza – considerando a longa parceria da realme com a MediaTek, eu esperava alguma versão aprimorada do Helio G88 ou quem sabe algum modelo da série G90.
Talvez por isso, o realme C53 não tenha o melhor desempenho no que tange a jogos mobile. O T612, apesar de ser, contemplativamente, um processador de oito núcleos, ele tem apenas um processamento de imagem razoável para as fotos (que vamos falar logo abaixo), mas quando o assunto é atuação multitarefas, é possível vermos uns gargalos. Pessoalmente, eu acho que a navegação geral só é positiva por causa da realme UI T Edition, porque se fosse depender do processador…
Câmeras têm desempenho razoável, mas atenção para uma malandragem…
Enfim, as câmeras: visualmente, a aparência é impressionante – a realme realmente foi atrás do “iPhone Look” ao trazer um kit com três anéis traseiros. Mas aqui, no entanto, a empresa colocou uma pegadinha:
Veja bem: à primeira vista, parece um kit triplo de câmera, mas você na verdade conta com apenas dois sensores – um de 50 megapixels (MP) com capacidade de inteligência artificial (IA) e um sensor de profundidade de 0,3 MP. O terceiro anel é, na verdade, o flash. Perdoável, considerando que estamos falando de um smartphone cujo preço é mais acomodável, mas ainda assim…a gente viu a malandragem, realme.
No que tange à qualidade, novamente, esse é um aparelho barato, então não espere nada de primeiro mundo: a estabilização óptica de imagem não existe aqui, e a maior resolução atingida por ele é a Full HD (1080p), no sensor principal – foi mal, fotógrafos: nada de 4K aqui. Há ainda um modo dedicado que aproveita todos os 50 MP de capacidade mas, sinceramente, ele não tem muita diferença em relação ao formato padrão – a abertura do obturador é mais evidente, permitindo entrar mais luz na imagem e, em tese, deixar fotos em ambientes escuros mais detalhadas.
O foco automático que usa a IA é o grande astro aqui: ele entende bem quando você quer focar o plano primário ou o plano de fundo de uma imagem, ajustando a luminosidade e o contraste de acordo, resultando em alguns cliques de boa qualidade – embora, de novo, nada muito impressionante.
Entretanto, nem tudo são flores, como diz a expressão: em fotos onde o ponto de captura se origina a partir da sombra, em direção à luz, sei lá o motivo, o realme C53 deixa tudo escuro. Não importa o quanto eu mexesse no brilho, a imagem ficou meio esmaecida, como se fosse tirada perto do anoitecer (eram duas da tarde).
Na parte da selfie, a câmera de 8 MP vai até 720p de resolução (ou seja, “só” HD, sem o “Full”). O resultado é razoável:
E finalmente, o modo noturno da câmera é melhor que aquele visto no C55, mesmo que ainda não esteja lá muito ideal. Ele foi bem ao detalhar imagens escuras em primeiro plano, o que mostra que a realme está no caminho certo do desenvolvimento da tecnologia: à esquerda, a foto sem o modo noturno acionado e, à direita, o resultado ao usar especificamente ele:
Para vídeos, todos os sensores correm a 30 quadros por segundo (fps) sem a necessidade de modos mais dedicados, o que é bom, já que podemos presumir que um celular de custo baixo não seria a opção mais desejada para entusiastas da cinematografia e, paralelamente, os usuários mais casuais dificilmente abrirão as opções técnicas da câmera para fazer ajustes mais finos.
Veredito: o realme C53 vale à pena, desde que você saiba o que esperar dele
Um smartphone para realizar ações rotineiras não precisa ser “feio”, ou “pobre” de desempenho – e a realme entende bem isso: ao entregar um modelo elegante, com tela grande apesar de leve em peso, a chinesa acerta a mão ao colocar o realme C53 na direção do público mais casual.
Está no bar e quer registrar uma foto com os amigos? Ele segura bem essa demanda. Quer fazer um ensaio fotográfico completo? Então escolha outro modelo (e pague consideravelmente mais por isso), porque esse aqui não vai te servir para nada.
No mais, o uso dele para acessar redes sociais, assistir a vídeos no TikTok e outras benesses corriqueiras é bem assegurado pela interface equilibrada e uma bateria que causa inveja até nos modelos topo de linha – sério, você vai usar, usar, usar, usar…e o percentual de gasto vai mudar seus números bem pouco.
O realme C53 é oferecido pela fabricante chinesa com versões até 12 GB de memória (RAM) e armazenamento interno de 128 GB, com suporte a dois cartões nanoSIM e expansão para até 2 TB de espaço.
Apesar de ainda não aparecer no site oficial, o aparelho deve chegar ao Brasil a partir de 1º de agosto, juntamente do realme 11 Pro+, o novo intermediário da marca (e que também será avaliado pela nossa equipe). O preço, porém, ainda está pendente de confirmação.
Comentários