As buscas por termos e condições da Netflix aumentaram mais de 1.500% após o episódio “Joan Is Awful” (“A Joan é Péssima”), de “Black Mirror”, ser lançado pelo serviço de streaming, de acordo com dados identificados pela Casino Alpha.

Em 15 de junho, a série premiada de Charlie Brooker estreou a sexta temporada no serviço de streaming Netflix, com cinco novos episódios. Em 2011, quando foi lançada, o criador resumiu a proposta da série de televisão britânica de forma bem simples: “cada episódio tem um elenco diferente, um cenário diferente, até mesmo uma realidade diferente, mas todos se tratam da forma que vivemos agora — e da forma que podemos estar vivendo daqui a 10 minutos se formos desastrados”.

Na nova temporada, no entanto, novos elementos são adotados e a série ganha novos contornos, distanciando-se em alguns episódios do aspecto distópico do qual estávamos acostumados no início. Entretanto, o primeiro episódio desta temporada ainda traz muito das palavras de Brooker de 12 anos atrás.

“Joan Is Awful” (“A Joan é Péssima”) apresenta um conto de advertência sobre a aceitação cega dos termos e condições de serviços online, um comportamento da maioria dos usuários. A consequência disso é vivida pela personagem-título, que tem a vida transformada em um programa de TV, chamado de “Streamberry”, um retrato contundente da própria Netflix — com logotipo semelhante, esquema de cores e som de introdução “tu-dum”.

Buscas no Google sobre termos e condições do serviço atingem recorde de cinco anos

Ao concordar com os termos, ela deu permissão ao serviço de streaming para usar não só a imagem, mas a vida como conteúdo em computação gráfica (CGI). O enredo em torno dos resultados ou possíveis consequências da falta de leitura do texto longo em letras pequeninas fizeram disparar a busca por “termos e condições da Netflix” apenas 80 horas após o primeiro episódio ser lançado.

De acordo com dados identificados pela Casino Alpha, as buscas o Google aumentaram 596% em todo o mundo pelo termo. O número continuou a subir: em 24 de junho, a pesquisa do mesmo termo atingiu recorde de cinco anos, aumentando 1.524%.

Buscas sobre termos e condições da Netflix disparam mais de 1.500% após 'Joan Is Awful' ser lançado

Imagem: Casino Alpha/The Register

“Está claro que, apesar de a conscientização atual sobre as preocupações com a privacidade dos dados estar mais alta do que nunca, é muito fácil esquecer que os termos e condições são, de fato, um contrato”, disse Tudor Turiceanu, CEO da Casino Alpha, em um comunicado. “As empresas sabem que, realisticamente, muito poucas se sentarão e lerão os termos e condições cuidadosamente, embora, claramente, como mostram os dados que analisamos, muitos se tornaram mais conscientes deles após o primeiro episódio de Black Mirror.”

Netflix recria experiência de Joan, mas lição do episódio (claramente) não é aprendida

Embora tenha sido criticada pela série, a Netflix aproveitou o enredo para promover a série pouco depois da estreia de “Joan Is Awful”, criando o próprio Streamberry com uma experiência virtual “You Are Awful” (“Você é Péssimo”).

Buscas sobre termos e condições da Netflix disparam mais de 1.500% após 'Joan Is Awful' ser lançado

Imagem: Netflix

Para se inscrever, os visitantes precisam carregar uma foto pessoal de si, autorizar o uso da imagem para fins de marketing e concordar com os termos de uso e a declaração de privacidade do “You Are Awful”.

Os termos permitem que a Netflix colete e utilize os dados sensíveis e pessoais, incluindo identificadores e geolocalização, assim como “informações de áudio, eletrônicas, visuais, térmicas, olfativas ou similares (como fotos, áudio ou vídeos)”.

De acordo com os termos, as informações coletadas podem ser usadas em “mídias digitais e outdoors e cartazes como parte da Experiência”, e podem ser usadas por terceiros para fins de divulgação.

“Ao interagir com esta Experiência, você concede à entidade da Netflix que fornece esta Experiência, suas afiliadas e respectivos sucessores e cessionários e qualquer pessoa autorizada por qualquer um deles (coletivamente, “Netflix”), o direito irrevogável, perpétuo, mundial e não exclusivo de gravar, representar e/ou retratar você e usar, e conceder a outros o direito, mas não a obrigação, de gravar, representar e/ou retratar você e usar, sua semelhança real ou simulada, nome, fotografia, voz, ações, etc., em conexão com o desenvolvimento, produção, divulgação e divulgação da Experiência. em conexão com o desenvolvimento, a produção, a distribuição, a exploração, a propaganda, a promoção e a publicidade desta Experiência, em todas as mídias, agora conhecidas ou criadas posteriormente, e em todos os idiomas, formatos, versões e formas relacionadas a essa Experiência, sem remuneração a você ou a qualquer outro indivíduo, a menos que seja proibido por lei.”

A descrição simples de Brooker sobre a série parece remeter assustadoramente ao que temos diante da experiência virtual criada com Streamberry: embora não possamos afirmar que um programa de televisão sobre qualquer pessoa que tenha se inscrito na experiência “You Are Awful” esteja em andamento, alguns fãs no Reino Unido viram imagens cedidas ao serviço em outdoors promovendo a nova temporada.

Para aqueles que não leram antes de assinar, no atual termos de serviço da Netflix não há menção sobre a empresa estar autorizada a criar conteúdos baseados em seus espectadores. Vale lembrar que essas condições mudam constantemente, seja conforme leis locais vigentes ou para atender interesses da marca.

 

Com informações The Register e The Guardian

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