Brasileiros acusam inteligência artificial de provocar apagão de vagas
Para evitar o quadro, 51% sugerem a aplicação de leis que limitem o uso da IA de forma comercial; ChatGPT já substitui humanos em diversas empresas, segundo uma recente pesquisaBy - Liliane Nakagawa, 22 março 2023 às 18:15
Um relatório da Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado de consumo, mostrou que 78% dos brasileiros acreditam que máquinas e inteligência artificial vão substituir humanos em postos de trabalho e, consequentemente diminuir as vagas disponíveis.
Para evitar o quadro de substituição e o apagão de oportunidades de trabalho, 51% sugerem a aplicação de leis que limitem o uso da inteligência artificial de forma comercial; para 45%, o ideal é que sejam exigidos operadores humanos que façam o uso da IA; e 16% não acreditam que a inteligência artificial será capaz de substituir o ser humano.
“Mesmo com o uso de IA, máquinas inteligentes e treinadas, o importante é que as empresas e profissionais se adequem à nova realidade o quanto antes. Para que a tecnologia seja aliada em diferentes processos é necessário a atenção humana, além de operadores que estejam atentos aos comportamentos dos consumidores, sempre aperfeiçoando e atualizando a máquina”, pontua Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
Dos 1 765 respondentes que participaram da pesquisa, 87% deles disseram já ter ouvido sobre IA, sendo que mais da metade desse montante (54%) afirma que as ferramentas que usam da tecnologia impactam diretamente a rotina diária.
Popularidade do ChatGPT
O ChatGPT, um “modelo de linguagem” capaz de gerar respostas coerentes e naturais a perguntas ou declarações feitas por usuários, tem sido a buzzword dos últimos três meses.
A novidade já foi testada por 6% dos brasileiros que buscaram conhecer na prática sua utilidade. Entre as pessoas que já utilizaram, 85% pretendem manter o uso do ChatGPT, sendo que 51% usarão apenas se aparecer alguma necessidade; 27%, se for o uso for gratuito; e 7% mesmo que se torne uma ferramenta paga. 8% provavelmente não vão usar e 7% com certeza não irão utilizar.
O interesse no uso do ChatGPT foi conduzido principalmente pela curiosidade (54%) e para testar se a ferramenta mantinha uma conversa (19%). Entre outros interesses, também para tirar dúvidas (48%); fazer buscas (33%) ou corrigir um código de computador (8%). A ferramenta, que promete desenvolver textos, também foi usada com essa finalidade, seja para tradução (21%); melhorar ou corrigir um conteúdo textual (19%); escrever textos maiores (13%) ou para redigir carta ou e-mail (5%).
Para 52% dos brasileiros, o uso do ChatGPT é aprovado desde que as respostas sejam de fácil entendimento; 43% querem ser entendidos em suas demandas; e 39% desejam ser ouvidos em suas reclamações. Para melhorar o atendimento, 33% querem ser reconhecidos e que seu histórico junto à marca agilize a comunicação. Aqui é claro o GAP nas relações que essa tecnologia pode ajudar a reduzir. Além disso, 42% acreditam que as marcas podem usar a ferramenta ajudando e/ou ensinando a usar melhor os produtos ou como um manual de uso, para 31%.
Quanto à personalização, 31% querem receber indicações de produtos e serviços que combinem com seus interesses, e no momento certo; 30% desejam receber avisos sobre novidades ou promoções dentro de acordo com seus interesses; e 16% que sejam criados novos produtos com os quais se identifiquem.
Mais como uma ferramenta, não como um substituto
O CEO da OpenAI, criadora do modelo de linguagem mais popular da história, o ChatGPT, diz que a tecnologia provavelmente substituirá alguns empregos no futuro próximo, e se preocupa com a rapidez com que isso pode acontecer, disse em uma entrevista ao ABCNews.
“Penso que ao longo de algumas gerações, a humanidade provou que pode se adaptar maravilhosamente às grandes mudanças tecnológicas”, disse Altman. “Mas se isto acontecer em um único dígito de anos, algumas destas mudanças.
“Penso que ao longo de algumas gerações, a humanidade provou que pode se adaptar maravilhosamente às grandes mudanças tecnológicas”, disse Altman. “Mas se isso acontecer em um único dígito de anos, algumas dessas mudanças… Essa é a parte com a qual me preocupo mais”.
No entanto, ele incentiva as pessoas a olharem o ChatGPT como mais uma ferramenta, não como um substituto. Ele acrescentou que “a criatividade humana é ilimitada, e nós encontramos novos empregos. Encontramos coisas novas para fazer”.
As formas como o ChatGPT pode ser usado como ferramenta para a humanidade superam os riscos, de acordo com Altman. “Todos nós podemos ter um educador incrível em nosso bolso que é personalizado para nós, que nos ajuda a aprender”, disse o norte-americano. “Podemos ter conselhos médicos para todos que estão além do que podemos obter hoje”.
Companhias começam a substituir humanos por inteligência artificial
Embora os avisos sejam claros de que não se deve confiar nele para “nada importante”, quase metade das empresas entrevistadas pela plataforma de criação de currículos ResumeBuilder.com tem procurado implementar o ChatGPT no ambiente de trabalho, com metade deste grupo optado por substituir trabalhadores pelo chatbot — antes mesmo da OpenAI anunciar a versão estável da ferramenta.
Diversas áreas foram impactadas com a substituição dos trabalhadores, como programadores (66%), redatores e criadores de conteúdo (58%), suporte ao cliente (57%) e secretárias incumbidas de resumir reuniões e outros documentos (52%), contam os líderes dessas empresas.
O RH também foi afetado, sendo que no processo de contratação, 77% das empresas utilizam o ChatGPT para fazer praticamente quase todo o processo, desde escrever descrições de cargo, redigir requisições de entrevistas (66%) e responder solicitações (65%).
“Em geral, a maioria dos líderes empresariais estão impressionados com o trabalho do ChatGPT”, escreveu o ResumeBuilder.com em um comunicado à imprensa. “55% dizem que a qualidade do trabalho produzido pelo ChatGPT é ‘excelente,’ enquanto 34% dizem que é ‘muito bom’”.
Embora os líderes estejam bem otimistas em relação à IA, ela também coleciona críticas, incluindo plágio, preconceito racista e sexista, além de desinformação — a maioria dos problemas relacionados ao treinamento.
No entanto, o foco em rentabilidade e corte nos custos parece desprezar tais perigos e avisos, como do CEO da OpenAI, Sam Altman, que advertiu sobre o produto criado não ser confiável para “nada importante”.
Quase 100% das empresas que fizeram a substituição de funcionários disseram ter economizado dinheiro usando o ChatGPT, com 48% afirmando ter economizado mais de US%0 mil e 11% chegando a mais de US$ 100 mil.
Das empresas entrevistadas que usam chatbot, 93% dizem que planejam expandir o uso do ChatGPT, e 90% dos executivos dizem que a experiência do ChatGPT é benéfica para quem procura emprego – caso ainda ele não o tenha substituído.
Com informações Convergência Digital e ABCNews
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