Meta já começou a desenvolver concorrente descentralizado do Twitter
Executivos da Meta afirmaram que sua plataforma permitirá o compartilhamento de atualizações rápidas via texto - ou seja: microblogsBy - Rafael Arbulu, 10 março 2023 às 13:28
A Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, quer agregar mais uma rede social ao seu portfólio de produtos e, segundo a própria empresa afirmou ao Platformer, uma “plataforma descentralizada para compartilhamento de atualizações rápidas em texto” já se encontra em estágios iniciais de desenvolvimento.
A derrocada do Twitter – cortesia da gestão comprovadamente bagunçada de Elon Musk, que assumiu o controle da rede em outubro do ano passado – vem abrindo espaço para toda a sorte de plataformas similares ganharem espaço no mercado. Depois de ver o surgimento (e aparente defasagem) do Koo no Brasil e do Mastodon no mundo, a Meta aparentemente quer tirar proveito dessa tendência – martelar o ferro enquanto ele ainda está quente, como diz a expressão.
“Estamos explorando uma rede social descentralizada e standalone para publicar mensagens textuais. Nós acreditamos que há uma oportunidade para um espaço separado, onde criadores de conteúdo e pessoas públicas possam compartilhar seus interesses de forma mais oportuna.”
Não é difícil deduzir o que “há uma oportunidade” significa, mas o mais interessante aqui é a aplicação do termo “descentralizada”: obviamente, estamos especulando sobre o assunto, mas isso pode aproximar o projeto da Meta ao Mastodon (“descentralização” é praticamente o slogan dele).
Na prática, a nova rede social da Meta pode não ser conectada – ou operar de forma independente – do Instagram, Facebook e WhatsApp. Isso seria inédito na história da empresa, que tem por mania interconectar todas as suas marcas de uma forma ou de outra. E o fato de ela ser “descentralizada” implica que usuários poderão criar seus próprios mini servidores para discussões de assuntos variados. De novo, igualzinho ao Mastodon.
Aqui há um ponto que, no Twitter, rendeu severas críticas: uma das ações mais estranhas feitas por Elon Musk foi barrar qualquer menção ou link vindo de outras redes sociais dentro da plataforma de microblogs. Em uma operação sem centralização, o usuário é quem manda na moderação (até certo ponto).
A Meta, embora não tenha feito nada parecido com o que Musk conduziu, também é conhecida por ser bem conservadora em sua interoperabilidade – sobretudo no Facebook, que, dizem, pratica o chamado shadowban (o corte artificial de abrangência de engajamento, sem motivo aparente) em contas que compartilham conteúdo de outras plataformas.
Isso tudo torna o projeto inteiro ainda mais curioso: uma empresa amplamente fechada como a Meta, se permitindo abrir uma plataforma assim, há que atrair uns olhares.
Segundo fontes ouvidas pelo Platformer, o projeto tem a liderança de Adam Mosseri, que hoje encabeça o Instagram. Naturalmente, dado o fato do projeto estar em estágios incrivelmente embrionários, não há nenhuma previsão de lançamento, mas as fontes afirmam que os times de compliance e jurídico da Meta já estão desenhando documentações relacionadas à proteção da privacidade do usuário.
Por outro lado, uma rede descentralizada faria a Meta abrir mão de uma de suas principais vantagens: critique o Facebook e o Instagram o quanto quiser, você é obrigado a reconhecer que eles são muito fáceis de usar. Justamente porque o controle sobre ambos é bem grande, você não tem muitas vias de interação a perseguir. No Mastodon, por exemplo, a dúvida sobre como conduzir coisas simples já são mais comuns, devido à natureza mais técnica da plataforma.
Não à toa, o chamado “fediverso” – onde rodam plataformas dessa linha – ainda não foi apropriadamente monetizado. São bem poucos os que ganham dinheiro com ele – e não é tanto dinheiro assim. Há quem possa argumentar que esse não é o objetivo – o que é verdade: o próprio Mastodon recusa ofertas de empresas e se posiciona como “sem fins lucrativos” – mas ainda assim, operações desse tamanho têm custo.
A pergunta é: a Meta quer arcar com isso?
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