Crítica | Pânico 6 é brutal e brinca mais do que nunca com metalinguagem
O falecido criador Wes Craven certamente daria boas risadas com Pânico 6, mais recente filme (e o mais brutal) da franquia, que brinca mais do que nunca com metalinguagemBy - Jessica Pinheiro, 8 março 2023 às 15:11
Chegar ao sexto filme enquanto expande e constitui uma franquia de respeito é uma tarefa que poucos produtos do audiovisual conseguem realizar. Felizmente, Pânico 6 (Scream VI) se encaixa nessa categoria, e não somente prova que continua firme e forte, mas também é capaz de entregar o longa-metragem mais violento de sua saga, e simultaneamente, o mais divertido.
Isto porque Pânico 6 entrega cenas brutais de assassinatos executadas pela figura de Ghostface, o principal vilão da franquia. Ao mesmo tempo, o longa-metragem brinca mais do que nunca com metalinguagem, referenciando a si mesmo e seus antecedentes para, não apenas aliviar a tensão, mas especialmente para criar (e quebrar) expectativas.
Isso não é exatamente uma novidade, já que a metalinguagem, isto é, a linguagem que descreve ela mesma, é parte do DNA da franquia Pânico. A maneira como os filmes utilizam esse recurso dentro da narrativa é sempre certeira e divertida, seja com citações às “regras do gênero de terror”, com a criação de expectativas em cima de tropos (que muitas vezes são subvertidas), ou quando chega ao seu ápice em Pânico 3, que faz do filme Stab — uma sátira da própria saga —, um artífice para toda a chacina.
Até mesmo em Pânico 4 que brinca ativamente com o conceito de “remakes”, a metalinguagem é brilhantemente bem executada. Para o sexto filme, porém, a direção criativa optou por um caminho mais descontraído e subjetivo, o que acabou sendo certeiro, uma vez que você é induzido a tentar adivinhar o que vai acontecer, apenas para se sentir (positivamente) enganado — pelo menos uma vez.
Tudo isso acontece enquanto Pânico 6 recorrentemente homenageia sua própria trajetória. E enquanto isso certamente vai deixar os fãs de longa data muito contentes, pode acabar sendo maçante ou corrido para espectadores novatos. Eu recomendaria, portanto, que você assista pelo menos Pânico 5 antes de conferir ao novo filme, até porque, grande parte dos personagens são sobreviventes do capítulo anterior da saga.
A dualidade das irmãs Carpenter
Um ano após o incidente de Woodsboro, as irmãs Tara (Jenna Ortega) e Sam Carpenter (Melissa Barrera) se mudam para Nova Iorque com o objetivo de recomeçar suas vidas — ou pelo menos tentarem. Elas não estão sozinhas, pois os irmãos e sobreviventes Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) as acompanham.
Tara, Chad e Mindy tentam aproveitar a vida universitária e celebram a época de Dia das Bruxas, enquanto Sam busca terapia para lidar com os traumas e os fantasmas (quase literais) que a assombram. Contudo, todos começam a desconfiar uns dos outros quando uma nova onda de assassinatos se inicia.
Caso você seja um veterano da franquia Pânico, deve imaginar porque as mortes estão acontecendo. Ainda assim, para além das brincadeiras com metalinguagem e expectativas subvertidas, o sexto filme explora muito bem a relação entre as irmãs Sam e Tara.
A luta pela sobrevivência neste novo capítulo da saga provoca uma união muito convincente entre as duas, que supera até mesmo os conflitos iniciais. Mas o mais interessante é observar a pavimentação dos caminhos para uma dualidade ainda mais interessante, que pode ser explorada em ambas as personagens.
Existem diversas possibilidades que podem ser exploradas futuramente, e todas elas tornam a dupla de protagonistas ainda mais complexas e promissoras. Embora seja difícil falar disso sem estragar as surpresas, independente de qual caminho for escolhido pelos roteiristas futuramente, permaneço ansiosa para acompanhar mais capítulos sangrentos estrelados pelas irmãs Carpenter.
Mais brutal do que nunca
Honestamente, não sou entusiasta do gênero terror e sou o tipo de pessoa que fecha os olhos em cenas violentas. O que me cativa na franquia são os personagens e toda a magia que gira em torno da metalinguagem. Dito isto, posso afirmar que precisei tampar a visão inúmeras vezes ao longo de Pânico 6.
O filme talvez seja, como já mencionado anteriormente, o mais brutal de toda a franquia, com muitas mortes violentas e explícitas. Para quem gosta desse aspecto, Pânico 6 é um prato cheio. Mas caso você seja como eu, recomendo chamar alguém com estômago forte para lhe acompanhar e avisar quando abrir os olhos.
Mesmo assim, a violência não é um empecilho. É possível assistir ao filme mesmo que você não seja entusiasta desta característica do subgênero slasher — especialmente porque o filme entretém de outras formas também. Além disso, caso você tenha assistido aos trailers, sabe que Pânico 6 conta com o retorno de uma personagem querida do quarto filme.
Pânico 6 vale à pena?
Para os fãs da franquia, vale muito a pena assistir. Quando a sessão acabou, a sensação que ficou é que, se Wes Craven, o falecido criador e diretor da saga, ainda estivesse vivo, mesmo que ele não gostasse do rumo que a franquia Pânico está tomando, no mínimo ele teria se divertido e apreciado as referências.
Caso você seja um espectador novato, vale repetir: eu recomendo assistir pelo menos ao Pânico 5. Não é obrigatório para entender, claro, mas acredito que o sexto filme será melhor apreciado se o quinto tiver sido assistido antes. Ainda assim, Pânico 6 é capaz de divertir e entreter independentemente dos demais longas.
O blog KaBuM! assistiu Pânico 6 em uma sessão exclusiva para a imprensa a convite da Paramount Pictures. O longa-metragem tem 2h02m de duração e pode ser assistido exclusivamente nos cinemas a partir de 9 de março de 2023.
Comentários
Jefferson
Filme muito ruim