O número de usuários conectados às mídias digitais ficou estimado em 3,96 bilhões somente no ano de 2022, o que corresponde a mais de 50% da população mundial. Entretanto, apesar dos benefícios que a dinâmica online proporciona, essa realidade nos aproxima da problemática referente à grande quantidade de informações e dados disseminados e disponíveis nas plataformas e sistemas digitais.

Juntas, as plataformas Google, Amazon, Microsoft e Facebook guardam em torno de 1.200 petabytes de informações pessoais de seus usuários. Isso evidencia que existem rastros digitais de centenas de milhões de pessoas em todo mundo e, mesmo que as empresas estejam fortalecendo protocolos de segurança, os cibercriminosos estão cada vez mais aptos a seguirem essas “pistas”, roubar dados e fazer novas vítimas.

Como gerenciar e garantir a segurança de sua herança digital?

Imagem: Natanaelginting/Tommy Video/Freepik

Neste contexto, o Google disponibilizou recentemente um formulário no qual é possível solicitar a remoção de algumas informações pessoais de seu mecanismo de pesquisa, que incluem número de telefone, detalhes bancários, contatos, registros médicos e outros dados de caráter sigiloso que, por segurança, não devem estar ao alcance de qualquer pessoa. Apesar dessa ótima iniciativa, entendo que ainda não há uma forma de remoção absoluta desses rastros. Neste sentido, alguns hábitos podem ser essenciais para gerenciar dados digitais e, consequentemente, desenvolver uma herança digital segura.

Como desenvolver uma herança digital segura

Procure a si mesmo no Google: antes de qualquer coisa, é preciso estar ciente de que a internet sabe muito sobre nós. Verifique os resultados nas primeiras cinco páginas da plataforma e as configurações de privacidade dos serviços. Alguns sites, como Facebook e Twitter, têm uma opção nas configurações de privacidade que permite proteger conteúdos e contatos.

Elimine o desnecessário: exclua postagens antigas do Facebook, Twitter, fotos ou qualquer conteúdo que não gostaria que qualquer pessoa tivesse acesso.

Remova informações pessoais do Google e do Bing: depois de fazer uma limpeza, use o formulário disponibilizado pelo Google, mencionado acima, para remover informações pessoais de seus resultados de pesquisa.

Pense muito bem antes de compartilhar: esse é o momento de planejar sua herança digital. Revise suas preferências de privacidade, escolha sabiamente quem pode ver suas postagens e evite compartilhar conteúdo desnecessário do qual você pode se arrepender mais tarde.

Use uma VPN: essa camada adicional de proteção garantirá que a conexão seja criptografada e o local mascarado. Acima de tudo, isso ajudará a impedir que os cibercriminosos tenham acesso às suas informações.

Legado além da vida

A preocupação pela segurança das informações no ambiente digital vai muito além do imaginável e deve aumentar à medida que a tecnologia se torna corriqueira e as pessoas envelhecem. Uma pesquisa recente, elaborada pelo Instituto de Internet da Universidade de Oxford, mostrou que, em 50 anos, o número de mortos irá superar o número de vivos no Facebook, por exemplo.

Em casos de óbito, o Facebook e o Instagram possibilitam que familiares, autorizados antecipadamente, passem a gerenciar contas de pessoas falecidas, possibilitando aos familiares criarem um memorial online. No caso do Google, é permitido aos representantes legais solicitar a exclusão de contas e até mesmo de alguns dados sem autorização prévia ao falecimento. Já na Microsoft, será necessária uma ordem judicial para que seja feita a exclusão total do histórico digital do perfil.

Além dessas medidas de prevenção, é recomendável que seja realizado um backup dos dados periodicamente, além de utilizar soluções de segurança. Não é possível ter controle absoluto dos dados que um dia estiveram online, mas um cuidado prévio e um controle posterior, mesmo que além da vida, podem minimizar riscos importantes.

Lembre-se que seu legado online depende de prevenção em vida!

 

Vishing: saiba como identificar o golpe e formas de se protegerDaniel Barbosa é formado em Ciência da Computação pela Universidade de Santo Amaro (Brasil) e pós-graduado em Cyber Security pela Daryus Management Business School (Brasil). Desde 2018, atua como especialista em segurança da informação na Eset.

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