[Review] Forspoken tem alguns problemas, mas ainda é divertido e tem sua parcela de originalidade
Forspoken ainda chega com diversos elementos de jogabilidade para agradar vários públicosBy - Luiz Nogueira, 23 janeiro 2023 às 11:00
Revelado originalmente em 2020, Forspoken, conhecido inicialmente como Project Athia, foi cercado de expectativa, já que era uma nova IP da Square Enix, criada pelo estúdio Luminous Productions, que foi fundado em 2018 e tinha por trás membros que trabalharam no desenvolvimento de Final Fantasy XV.
Só por isso, o título já tinha tudo para chamar a atenção da indústria, isso, aliado a pessoas de renome em outras áreas, como o roteiro criado por Amy Hennig, ex-diretora dos jogos Uncharted, fez com que Forspoken fosse uma das promessas para o PC e PlayStation 5. Eis que, após alguns atrasos, o game finalmente chega oficialmente na próxima terça-feira (24).
O blog KaBuM! teve a chance de jogar o game e conta em detalhes o que esperar da aventura que, apesar de alguns problemas, consegue entregar um jogo consistente e cheia de surpresas.
A história de Athia
No game, controlamos Frey Holland, uma jovem das ruas de Nova York que, em meio a problemas, decide cometer alguns delitos para sobreviver. Após ser presa, ela recebe a notícia que, se for pega mais uma vez, pode ficar um tempo maior detida.
É a partir deste momento que ela decide fugir para começar uma nova vida em outro lugar. No entanto, como era de se esperar, seus planos são atrasados por um acontecimento que a faz pensar rápido no que fazer para sobreviver.
Em meio a esse momento contemplativo, ela encontra um artefato estranho que, ao ser colocado em seu braço, abre um portal que a leva para Athia, mundo em que o game se passa.
Obviamente, sua vida vira de cabeça para baixo quando ela se dá conta de que está em um mundo completamente desconhecido e infestado de criaturas perigosas e que querem matá-la a qualquer custo.
A questão é que o lugar passou por um evento chamado de Ruptura, algo que deu origem a essas criaturas – e do qual Frey parece imune. Desesperada para entender o que aconteceu e para voltar ao seu mundo, Frey não vai medir esforços para fazer o que for preciso para sair dali com vida.
Aqui, temos elementos já vistos em diversas obras do gênero, mas que em Forspoken ganham outra abordagem. Isso porque o game começa de maneira despretensiosa e nos conquista exatamente por isso.
A personagem desajustada e que se torna uma heroína proeminente neste novo reino também não é novidade, mas aqui ganha outra roupagem, pois acompanhamos Frey na descoberta de sua importância para o mundo e em como suas novas habilidades podem ajudar os habitantes daquele lugar.
Portanto, a história é um dos pontos altos do game, já que mistura momentos de humor (sim, humor), com muita exploração – por conta de seu mundo aberto – e batalhas de tirar o fôlego.
Diferenças da demo de Forspoken
Confesso que, depois da demo disponibilizada pela Square Enix em dezembro, estava meio receoso de que o título fosse simples e apenas te jogasse em meio aos acontecimentos, com os poderes disponíveis e aquela hud minúscula – que foi corrigida.
Felizmente, eu estava errado. A curva narrativa e de aprendizado é completamente diferente do que foi visto na demo – que te joga em um segmento aleatório do game. Acredito que a demonstração tinha a intenção de mostrar uma parte mais avançada da história, em que Frey já estava mais acostumada com seus poderes e tinha mais controle deles.
No entanto, isso, de certa forma, não funcionou para mim, pois fez com que os combos fossem legais no começo, mas o excesso de informação de uma vez tornou tudo muito intenso e cansou depois de um tempo.
Felizmente, no jogo completo, essa curva de aprendizado é suavizada, e os aprendizados divididos conforme necessidade. Ainda há muita informação para absorver, mas isso é feito de forma orgânica e mais leve que o mostrado na demo.
Portanto, a dica que fica é: não considere a demo como produto final, Forspoken é bastante diferente daquilo – e é bem mais interessante.
Mundo aberto e questão gráfica
No entanto, o que a demo conseguiu transmitir muito bem foi o que esperar do mundo aberto. Apesar de contar com várias missões secundárias e encorajar o jogador a explorar aos máximo para adquirir itens para melhorar os equipamentos de Frey, tudo é muito vazio – seria ainda mais se não tivessem alguns inimigos perdidos aqui e ali.
Por isso, será constante a sensação de que se está andando por paisagens gigantescas, mas que não têm muito o que oferecer. Isso, aliado ao fato de que a história do game em si tem uma duração relativamente curta – dá para terminar todos os eventos principais em cerca de 12 horas -, tornam Forspoken um game interessante, mas que peca em querer ser grandioso.
Eu não ia abordar isso aqui, mas acho importante já que é algo também ligado aos cenários: a questão gráfica.
Há um visível downgrade nos cenários – e personagens também – em relação a alguns dos trailers divulgados desde o anúncio de Forspoken. Não se deixe enganar, o game ainda continua bonito e com algumas paisagens de tirar o fôlego, mas isso é algo perceptível.
No entanto, há alguns cenários em que as cores são chapadas e, quando vistos de longe, parecem imagens estáticas apenas para “preencher” aquele lugar. A coisa melhora quando se chega perto, embora essa seja uma sensação constante – e com quase todos os cenários.
Além disso, apesar dos personagens serem bastante interessantes, faltou um pouco mais de empenho na modelagem deles, já que é comum que os rostos fiquem sem expressão em alguns momentos – embora a captura de movimentos tenha sido feita muito bem, com destaque para Frey, muito bem interpretada por Ella Balinska.
Mecânicas de exploração e jogabilidade
De qualquer forma, a exploração é ágil, interessante e era justamente o que esperávamos de um jogo que foi vendido como um título focado na exploração de grandes planícies. Para atravessar esses lugares, é necessário segurar apenas um botão – o que pode ser chato depois de um tempo -, mas é algo que facilita muito quando é necessário atravessar grandes distâncias ou fugir de inimigos.
Além disso, no meio dos cenários há casas para que Frey possa descansar, recuperar sua vida, melhorar seus equipamentos – seja adicionar dano extra ou aumento de vida -, além de criar itens de cura e outros elementos que vão ajudá-la durante a jogatina.
Para quem não quiser desbravar essas distâncias andando – ou correndo com magia -, é possível ainda se teletransportar por essas casas, o que torna tudo muito fácil – e faz com que seja necessário passar por alguns locais pelo menos uma vez para destravar essa opção.
Quem gosta de coletar itens, Forspoken é um prato cheio. Seja ao derrotar inimigos ou simplesmente andando pelos lugares, é possível conseguir muito material para criar novos objetos para ajudar na exploração.
Feitiços de Frey
A proposta de Forspoken é tornar os feitiços a base de tudo, e isso é visível. Desde locomoção, passando por ataque e até proteção – os chamados feitiços de apoio. Portanto, os jogadores têm diversas opções para montar seu combo de habilidades para sobreviver ao mundo game – e isso é uma das partes mais interessantes do jogo.
É possível testar diferentes combos para ver qual se adequa mais ao estilo de jogo escolhido. Ao todo, são quatro tipos de elementos para feitiços, que possuem diferentes variações para ataque e suporte – o de movimentação é fixo e não permite mudanças. Portanto, é possível ter ofensiva que dão tiros, que disparam raios, que jogam dardos nos inimigos, entre outros.
Na parte de suporte, é possível invocar plantas que prendem os inimigos no local por breves momentos, entre outros efeitos para auxiliar nos combates. Experimente e crie sua melhor abordagem.
Para auxiliar ainda mais nisso, Frey conta com a possibilidade de personalizar suas unhas com elementos que ajudam ainda mais nos combates – seja nos feitiços ofensivos ou de apoio, o que abre um leque ainda maior de personalização para a personagem.
Mas o que seria de tudo isso sem seu bracelete, responsável por alguns dos melhores momentos da aventura. Carinhosamente apelidado de algema por Frey, ele é sarcástico e tem um humor peculiar, o que rende ótimas interações entre ambos.
Variações de segmento
Outro destaque de Forspoken é sua variedade de segmentos. Seja na história principal ou nas missões secundárias, os jogadores encontrarão momentos de furtividade, momentos que lembram os de um RPG – eu diria que são resquícios de Final Fantasy XV -, e até o famoso hack’n slash – que é uma das melhores partes.
Por conta disso, o título não fica preso a um gênero só. Apesar de ser um game de ação e aventura, ele não se limita ao básico, o que é muito bom. A todo momento ele tenta mudar a abordagem da jogabilidade.
E aí, vale a pena?
Forspoken é uma boa aventura que sofreu com uma demo que pode ter passado a impressão errada de seu conteúdo. O game é divertido, variado e com uma história que te prende – e sem falar nas reviravoltas, que são bastante interessantes.
Confesso que foi uma grata surpresa ver que o material final – apesar das mudanças, downgrades e problemas -, consegue entregar uma experiência consistente e divertida.
Vale lembrar que Forspoken chega na próxima terça-feira (24) para PC e PlayStation 5.
Review feito com base em uma cópia de PlayStation 5 fornecida pela Square Enix.
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