Ministra do Esporte diz esporte eletrônico é ‘entretenimento, não esporte’
Ex-jogadora de vôlei Ana Moser, agora ministra do Esporte, diz que não pretende investir no esporte eletrônico no paísBy - Cesar Schaeffer, 10 janeiro 2023 às 19:00
A nova ministra do Esporte, Ana Moser, disse que não pretende investir no esporte eletrônico no Brasil. Para ela, os Esports não são considerados esportes ‘de verdade’. “Não tenho essa interesse (de investir), não”, disse ela em entrevista ao UOL.
“A meu ver o esporte eletrônico é entretenimento, uma indústria de entretenimento, não é esporte”.
Na contramão do que pensa a ex-jogadora de vôlei, no ano passado, em um esforço para que o esporte eletrônico seja reconhecido, o Comitê Olímpico Internacional realizou uma série de eventos esportivos virtuais antes da Olimpíada de Tóquio. E agora, em 2023, o COI já confirmou que a primeira Semana Olímpica de Esports vai ser realizada em Cingapura, entre os dias 22 e 25 de junho; mais um grande passo no apoio ao desenvolvimento de esportes virtuais.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Ana Moser talvez não saiba e ainda usou um dos argumentos mais utilizados por quem não entende do assunto para tentar separar o esporte tradicional do esport. Segundo ela, não dá para comparar a rotina de um atleta que treina para jogar videogame em nível competitivo.
“Ah, mas o pessoal treina, mas eu falei esses dias, a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta da música, ela é uma artista, que trabalha com entretenimento”, ponderou a ex-jogadora. “O jogo eletrфnico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, não é aberta como o esporte”, concluiu.
Imagem: Roman Kosolapov/Shutterstock
Esporte eletrônico além da definição
O esporte eletrônico ainda não é reconhecido como esporte no Brasil. E, pelo jeito, essa vai ser uma realidade difícil de mudar se depender da nova ministra. “A gente lutou ano passado, eu na minha vida pregressa, a frente da Atletas pelo Brasil fizemos uma ação muito forte junto ao legislativo para o texto da lei geral não ser aberto o suficiente para ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá protegendo o esporte raiz. A definição de esporte tinha sido dado uma abertura que poderia incluir esporte eletrônico, e a gente fechou essa definição para não correr esse risco”, contou Ana Moser na entrevista.
Enquanto não for classificado como esporte, os atletas de Esports no paíse não têm acesso ao Bolsa Atleta, à Lei de Incentivo ao Esporte e tampouco a qualquer outro recurso público de esporte de forma geral.
No ano passado, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovou o projeto do lei do Plano Nacional do Desporto (PND), que tramita na casa há cinco anos e tem como objetivo reorganizar todo o sistema desportivo brasileiro. Entre as novidades aprovadas na época estava o conceito do que é esporte.
Fonte: Focus.jor
Na época, uma comissão havia sugerido que esporte é uma atividade “predominantemente física”. Mas a definição foi alterada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para incluir também atividades como enxadrismo e jogos eletrônicos, que dependem mais da mente do que do corpo.
Por fim, o texto que foi ao Plenário marcou mais um retrocesso para o esporte eletrônico, definindo que esporte é “toda forma de atividade predominantemente física que, de modo informal ou organizado, tenha por objetivo atividades recreativas, a promoção da saúde, o alto rendimento esportivo ou o entretenimento”.
Ou seja, como os Esports não são “predominantemente físicos”, eles continuam excluídos da definição de esporte.
Fonte: UOL
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