[Review] Need for Speed Unbound acerta em cheio com identidade própria e mecânicas refinadas
O Need for Speed Unbound evoluiu bastante em relação aos seus antecessores e é um prato cheio para quem aguardava uma sequência da franquia UndergroundBy - Alvaro Scola, 16 dezembro 2022 às 17:37
O Need for Speed Unbound foi anunciado quase no fim deste ano e chegou com uma proposta diferente ao trazer um visual parecido com o que temos em anime e grafite. Além disso, algo que chamou a atenção foi as corridas de rua, que os fãs da franquia Underground continuavam a clamar.
O blog KaBuM! recebeu uma cópia de Need for Speed Unbound para review no PC e, após acelerar bastante nas ruas de Lakeshore City, conta o que achou. Confira!
Uma história simples, mas que cola
O Need for Speed Unbound tem uma história que não é digna de nenhum Oscar, na verdade, logo no começo já é possível ter uma ideia do que acontecerá. Ainda assim, isso não chega a ser um ponto negativo, uma vez que o enredo não é o foco do título e o mesmo casa bem com a proposta do jogo.
Basicamente, sem dar muitos spoilers, após selecionar e editar o seu piloto (sem nome), você escolhe um carro que será restaurado junto com Yaz, uma grande amiga, na oficina de Rydell, que está mais para um paizão. Uma vez escolhido o carro, é claro, eles querem dominar o cenário de corridas de rua de Lakeshore City.
Após algumas corridas, um evento faz com que Rydell tenha a sua oficina roubada e que Yaz fique com o carro apenas para ela, sendo que a mesma já apresentava um comportamento suspeito. Após estes eventos, é claro, você fica na pior junto a Rydell, mas uma oportunidade bate à porta para poder resgatar o seu carro ao entrar nas corridas de rua com uma nova parceria e disputar o evento “Eliminatória”, do qual falarei mais a seguir.
Apesar do enredo mencionado acima, Need for Speed Unbound não procura trazer detalhes menores da história, algo que considero completamente compreensível para um jogo de corrida. Para manter o jogador por dentro do que está acontecendo, os diálogos enquanto estamos dirigindo são bem interessantes. Algumas piadas, é verdade, podem até não ter graça, mas a maioria dos personagens conseguem superar esse problema com uma boa dose de carisma.
De forma geral, eu posso dizer que gostei da história de Need for Speed Unbound, que me manteve entretido até o fim. A história não chega a ser inovadora ou a ter grandes reviravoltas são bem previsíveis, mas o saldo ainda acaba sendo positivo.
Em relação ao tempo para finalizar a campanha, eu levei um pouco mais de 30 horas. Esse tempo, entretanto, pode aumentar bastante caso o jogador opte por fazer todas as corridas e ir atrás dos extras espalhados no mapa.
Arriscar tudo faz a diferença em Need for Speed Unbound
O Need for Speed Unbound traz uma importância bem maior ao dinheiro obtido ao não deixá-lo exclusivo para comprar carros e fazer upgrades. Essa questão traz tanto um lado positivo quanto negativo para o jogo.
Ao correr em Need for Speed Unbound, o dinheiro obtido durante o seu “expediente” não vai para a sua carteira até que você entre em um esconderijo, como na garagem de Rydell. Dessa forma, em diversos momentos tive que colocar na balança se a premiação que eu poderia ganhar em uma corrida valeria o risco de ser preso, afinal, o dinheiro não ficaria comigo.
A polícia de Lakeshore City, inclusive, merece elogios, uma vez que ela está um pouco mais difícil que nos títulos antecessores, como em Heat. Enquanto no nível de procurado 1 ao 3 não tive problemas, a partir do nível 4, eu só tive a vida um pouco mais fácil quando meu carro chegou ao tier A+.
A minha única crítica em relação a polícia fica mesmo às vezes por conta da sua frequência ao surgir logo após uma corrida acabar. É claro que isso pode dar uma impressão de realismo a mais, mas às vezes essa mecânica se torna um tanto quanto cansativa.
De volta a questão do dinheiro, o Need for Speed Unbound não dá tanto espaço para o jogador colocar quantos carros quiser na garagem, não por falta de vagas, mas por uma questão de dinheiro no começo. O motivo principal para isto é que o evento “Eliminatória” requer uma quantidade generosa de dinheiro para a inscrição e, assim, o jogador fica pensando em guardar o dinheiro para poder prosseguir na história.
Não somente isso, além de gastar com os upgrades nos carros, o jogador também precisa fazer melhorias na oficina para liberar peças melhores. O valor para melhorar a oficina, como mostra a imagem abaixo, também não é tão convidativo. Quando tudo isso se alia ao tempo da semana, nem sempre foi possível colocar na garagem o que queria sem me desfazer de algo. Ou seja, aqui os acumuladores não tem tanta vez!
Apesar desses contras, vale notar que antes da “Eliminatória”, que ocorre aos sábados, nós temos acesso a corridas com melhores premiações. E, caso o dinheiro seja insuficiente para entrar no torneio, é possível repetir a sexta-feira quantas vezes for necessário. Para ajudar na questão financeira, o jogo até oferece missões extras envolvendo a entrega de carros, mas que aparecem de forma aleatória.
Já uma mecânica excelente em que o Need for Speed Unbound evoluiu foram nas apostas, que surgiram lá atrás de forma bem rudimentar no Need for Speed Payback. Aqui, nos eventos, o jogador recebe uma estimativa de sua posição de acordo com a potência, que nem sempre é muito precisa, e pode aumentar o ganho com as apostas contra outros pilotos.
Lakeshore City é linda, grande e cheia de coisa pra fazer
Lakeshore City é o grande palco de Need for Speed Unbound, que nós temos a oportunidade de explorar tanto de dia quanto de noite. Com um tamanho similar a cidade que vimos em Heat, o layout adotado aqui pela Electronic Arts e Criterion Games é um pouco diferente.
Durante as perseguições policiais, eu me deparei com muitas estradas e túneis, algo que sempre fez parte desde o primeiro Need for Speed. Entretanto, se compararmos ao que vimos nos cenários de Payback e Heat, a cidade tem mais ruas para se entrar e as suas partes subterrâneas trazem mais túneis, em que grande parte dos eventos ocorrem.
Em relação a parte gráfica, a cidade acaba sendo bem bonita e tem algumas praças em acaba sendo gostoso tirar capturas de tela com nossos possantes.
Além das corridas, Need for Speed Unbound também conta com diversos pontos de interesse pelo seu mapa, que acabaram pegando algumas boas horas de minha atenção. Esses pontos de interesse, por exemplo, envolvem destruir outdoors, quebrar um recorde de velocidade máxima de um radar, passar por zonas de drift, destruir objetos da polícia e realizar saltos com o carro.
Carros repletos de detalhes e peças pra tudo quanto é gosto
Uma grande polêmica foi criada pelos fãs da franquia quando foi anunciado que Need for Speed Unbound teria gráficos realistas com alguns elementos vistos mais em anime e grafites. Por mais estranha que essa combinação pareça, ela acabou me vencendo com o tempo, mas existe um detalhe que sei que não agradará a todos.
Assim como expliquei acima, Lakeshore City conta com um visual bem bonito e que pode ser considerado até mesmo realista. Os carros, por sua vez, também contam com gráficos realistas, sendo que o que chama a atenção é o detalhe de cada carro. Um pequeno adendo a essa questão é que a lista carros a venda no jogo é bem generosa, são mais de 140 possantes.
Como se esse número de carros já não fosse grande, Need for Speed Unbound ainda contém um número de peças bem grande para mudar a performance dos carros. Com cada peça tendo sua própria característica, me diverti bastante testando combinações diferentes.
Já para os apetrechos cosméticos a serem instalados, o Need for Speed Unbound não decepciona novamente e traz inúmeras peças para que qualquer estilo tenha sua vez. Aqui, novamente perdi algumas horas testando combinações até encontrar visuais que atendessem a minha ideia, algo que considero extremamente divertido e que não ocorria comigo desde o Underground 2.
Além das próprias combinações, é claro, também é possível baixar visuais criados pelo comunidade, como deste Mitsubishi Eclipse que muitos viram no primeiro Velozes e Furiosos. Apesar de podermos baixar o visual, tenho uma pequena crítica a ser feita aqui.
Quando falamos de baixar o visual no Need for Speed Unbound, o jogador baixa apenas a pintura, adesivos e afins. Então, caso queira usar o aerofólio e outros detalhes que aparecem no preview, é preciso encontrá-los na loja. Honestamente, aqui poderia existir uma opção apenas avisando que seria necessário “gastar X” para também ter as peças e instalá-las de uma forma bem mais prática.
Ainda na parte cosmética, a grande novidade do Need for Speed Unbound fica pelo fato de poder mudar a fumaça e adicionar efeitos similares a grafites para certos movimentos, como saltos ou durante o uso do Nitro. O número de opções é bem variado e, admito que apesar de eu não ter gostado do que tinha visto em vídeos, acabei achando os efeitos até que charmosos. Além disso, preciso adicionar que eles aparecem bem momentaneamente, ou seja, não são tão prejudiciais.
Apesar dos meus elogios aos efeitos, aqui também preciso fazer uma crítica, que pode ser bem importante para certos jogadores. Quando o título foi anunciado, a EA tinha avisado que esses efeitos poderiam ser removidos, mas não foi bem isso que encontrei na prática e também em relatos de outros jogadores.
Na loja, como mostra a imagem abaixo, você pode optar por usar uma “fumaça neutra”, ou seja, que é basicamente cinza, mas não existe uma opção em que realmente é possível desativar por completo os efeitos.
Por fim, em relação a parte cosmética, os jogadores ainda podem mexer em alguns detalhes dos carros sem que isso afete a sua performance. Isso, por exemplo, pode ser feito ao rebaixá-los e ajustar sua cambagem.
Não somente isso, deixando a parte visual de lado, também é possível mexer no som do motor do carro, afinal, quem não gosta daquele ronco mais estridente para mostrar sua potência. Apesar de poder mexer nessa parte ser divertida, muitos motores aqui soam iguais, ou seja, o som dos carros pode soar um tanto quanto genérico.
Need for Speed Unbound traz jogabilidade refinada
O meu primeiro contato com Need for Speed Unbound, devo admitir, não foi dos melhores por julgar que a sua jogabilidade estava parecida com a que tinha visto em Payback e Heat. Entretanto, bastaram algumas horas para que eu pudesse notar que essa impressão inicial estava, ao menos, parcialmente errada.
No jogo, de forma mais básica, existem dois tipos de carros que podemos fazer, sendo estes os de drift e de aderência, mas também existem outros atributos. Isso, vale notar, não é bem uma novidade, mas a Criterion Games conseguiu fazer com que essas duas classes estejam mais equilibradas na corrida. Então, diferentemente de Heat, você pode ganhar corridas cantando menos pneu até mesmo online usando carros de aderência.
Ainda nesta questão de fazer ou não o drift, Need for Speed Unbound traz uma adição bem interessante. Agora, é possível desabilitar por completo o sistema de apertar duas vezes o acelerador para iniciar um drift. Isso pode soar até algo bem simples, mas na prática a diferença é gritante tanto para quem prefere drifts da forma mais “correta” e tradicional quanto para quem prefere aderência, que basicamente seria desacelerar antes de fazer uma curva sem cantar pneu.
O Need for Speed Unbound é um título com uma jogabilidade completamente arcade em que a sensação de velocidade é passada de forma bem eficaz. Apesar desse grande acerto acima, aviso que quem espera algo realista ou próximo ao visto a algo em simcades se decepcionará. Inclusive, eu admito que não gostei da jogabilidade do título ao usar um volante, mas isso pode ser mais uma questão de gosto pessoal meu.
Outra novidade grande no título é um tipo de burst que premia quem corre com mais estilo. Além da barra tradicional de Nitro (a azul), NOS para os mais íntimos, o jogador acaba preenchendo uma barra secundária (a amarela) de Nitro ao fazer curvas de aderência, drifts, saltos, tirar finas e até ao tirar outros jogadores ou policiais de combate.
Esse esquema na minha opinião é um tanto quanto controverso. Enquanto você está em corridas disputadas e com o tráfego de carros intenso, o sistema funciona bem e é possível pegar bastante velocidade. Entretanto, basta uma batida ou uma corrida mais calma (com menos tráfego) e você fica lento. Assim, você pode ser ultrapassado por outros por não ter muito o que fazer a não ser “começar a sambar” com o carro, o que nem sempre é possível dependendo do traçado.
Outro ponto interessante de Need for Speed Unbound é que, apesar de ser arcade, as configurações feitas nos carros, que podem ser vistas na penúltima imagem, fazem a total diferença. Por exemplo, você pode até pegar as peças de drift ou aderência, mas fazer os ajustes finos ajudam a chegar à jogabilidade que se espera do carro.
Conclusão
O Need for Speed Unbound, posso dizer, foi uma das surpresas mais agradáveis deste ano. O seu estilo visual lhe dá um ar único e a sua jogabilidade mais refinada que a de seus antecessores faz uma diferença tremenda na hora de se divertir, mesmo com a mecânica de burst ser um tanto falha.
Para os fãs de carrões, felizmente, o número de carros, peças e apetrechos cosméticos é extremamente generoso, então, um bom tempo pode ser perdido para alcançar o visual perfeito e soltar a criatividade. Aqui, a única coisa que poderia ser melhor seria a premiação para comprar tais itens, mas isso pode ser revelado para quem gosta de mais grind.
A inteligência artificial do jogo está melhor do que nos antecessores, apesar de não estar perfeita e ter pego um ou dois glitches visuais. Ainda assim, Need for Speed Unbound é um título extremamente divertido e que deve agradar bastante, principalmente, aos órfãos da franquia Underground.
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