Um mix de muitos diálogos, sistema de combate conhecido pela comunidade gamer, mais um pouco de diálogos e uma trama razoável. Este é basicamente o resumo do jogo The Last Oricru, que traz uma ótima proposta em seu conceito, mas uma execução não tão boa assim.

Aliás, misturas parecem algo intrínseco do game. Desenvolvido pela GoldKnights, The Last Oricru surgiu em outubro deste ano para PCs e consoles next-gen com a premissa de combinar o estilo RPG de jogos clássicos com o gênero soulslike visto em sucessos da atualidade (não é mesmo, Elden Ring?).

Ainda nesse emaranhado de combinações, o player que der uma chance ao game estará adentrando um universo com temáticas de ficção científica (vulgo sci-fi) e mundo medieval, que envolvem raças alienígenas e até mesmo ratos humanoides que falam, pensam e matam.

E para desvendar um pouco desse mundo maluco — e instigante —, o blog KaBuM! resolveu testar o game para avaliar o trabalho feito pela dev da República Tcheca. Um spoiler curioso: um mix de sentimentos também fizeram parte das horas de gameplay.

Escolha um lado na guerra pelo poder de Wardenia

Quem começar a jogatina em The Last Oricru certamente ficará um pouco perdido. Isso porque o game não dá muitas explicações logo de cara e o desenrolar da história é revelado aos poucos, quase que em doses homeopáticas, o que também exigirá paciência.

A princípio, o player só tem ciência que jogará na pele de Silver, um humano que foi parar no planeta de Wardenia sem memórias ou lembranças de como isso aconteceu. Mas não se trata de um humano qualquer: o protagonista possui o dom da imortalidade, graças a um artefato que carrega consigo.

The Last Oricru

Imagem: Igor Shimabukuro/blog KaBuM!

Papos aqui, diálogos acolá e será possível descobrir que os alienígenas que “acolhem” Silver tratam-se de uma raça chamada Naboru, que são aliados de humanos em Wardenia. Aliás, humanos e a raça Naboru estão juntos para travar uma iminente guerra pelo poder de Wardenia. E quem seriam os guerreiros do “outro lado”? Os Ratkins: os tais ratos humanoides mencionados anteriormente.

Ou seja, de um lado há um povo que escraviza e normaliza assassinatos contra ratos por julgarem que os bichos humanoides são uma raça inferior. Do outro, há ratos que, cansados de serem marginalizados, tramam uma revolução para acabar de vez com a exploração e eliminar Naborus e humanos. E no meio de tudo está Silver, que aparentemente é uma peça importantíssima para qualquer um dos lados e terá de tomar parte enquanto busca mais respostas de quem é e como foi parar lá.

[Review] The Last Oricru traz bons conceitos, mas deixa a desejar na execução
[Review] The Last Oricru traz bons conceitos, mas deixa a desejar na execução

Aqui, vale destacar um dos pontos fortes do game: as escolhas. A história uniforme é basicamente essa, mas o restante será consequência das escolhas do jogador. Aliar-se à raça Naboru significará determinado caminho e missões para Silver. Já integrar-se aos Ratkins será sinônimo de uma trama completamente diferente. E cada escolha renderá pontos de aliança para um ou outro grupo.

The Last Oricru 8

Imagem: Igor Shimabukuro/blog KaBuM!

Em termos gerais, a história é até interessante e muito assemelha-se a eventos históricos da vida real. O grande problema é o excesso de diálogos, que ocupam boa parte do game ao invés de momentos de gameplay. Mas a julgar que a trama é quem dita o rumo do jogo, é totalmente recomendável uma dose a mais de paciência, mesmo que a qualidade das dublagens não ajude a prender a atenção.

Gameplay e outros elementos que deixam a desejar

Por ser vendido como um RPG, era de se esperar que The Last Oricru trouxesse boas opções de personalização, certo? Mas, bem, isso não é uma realidade do jogo. A começar que não é possível escapar do padrão do protagonista: você obrigatoriamente será homem, se chamará Silver e poderá escolher apenas o corte de cabelo ou barba — que trazem pouquíssimas opções.

A coisa piora quando o player descobre que também não é possível escolher uma classe ou clã. Existem variedades de armas, escudos e outros acessórios, mas o jogador terá de se limitar a uma gameplay de guerreiro. Nada de arqueiros, magos, xamãs ou coisas do tipo. É engolir o choro e aceitar a bola fora da GoldKnights a espada e o escudo.

Personalização The Last Oricru

Imagem: Igor Shimabukuro/blog KaBuM!

Mas se a falta de opções para personalização deixam a desejar, a gameplay compensa, né? Não exatamente. Quando Silver não estiver ouvindo uma palestrinha de alguém, estará em combates ao maior estilo soulslike, com comandos para ataques, esquivas e a icônica barra de stamina.

O problema é que as mecânicas também deixam a desejar. Os golpes são repetitivos e o sistema de combate não parece muito agradável de ser utilizado em um controle. Aliás, há ocasiões em que a hitbox do ataque parece maior do que efetivamente é, ocasionando em surpresas não tão positivas.

Combate The Last Oricru

Imagem: Igor Shimabukuro/blog KaBuM!

Por fim, os gráficos também não ajudam. Não que The Last Oricru seja feio — inclusive, existem cenários relativamente interessantes. Contudo, é preciso lembrar que o game foi lançado para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S e há momentos em que o player pode achar que está jogando algum título de PS3.

Modos multiplayer são alguns dos destaques positivos

Apesar de alguns problemas de polimento latentes, The Last Oricru traz modos multiplayer que podem tornar a jogatina mais agradável. É possível, por exemplo, juntar-se ao lado de outro player localmente para uma gameplay com tela dividida.

Multiplayer The Last Oricru

Imagem: divulgação/GoldKnights

O outro modo multiplayer é mais interessante ainda. Nele, o jogador poderá adentrar outros universos totalmente diferentes. Imagine, por exemplo, que você decidiu aliar-se aos Ratkins. Entrar em um save de outro jogador que optou pela aliança com os Naboru vai te colocar em uma experiência oposta à sua, sem que você precise iniciar uma outra jogatina do zero. A surpresa também deverá ser grande do outro lado.

Não que isso seja suficiente para tornar o game excelente, mas pode ser um recurso a mais para mais diversão e reflexões como “Será que tomei a decisão certa naquele momento?”.

Mas afinal, The Last Oricru vale ou não vale a pena?

Antes do veredito, é preciso mencionar que The Last Oricru, sim, possui um conceito interessante. Progressos que dependem de decisões são sempre intrigantes e o modo multiplayer, que ajuda a explorar um pouco disso, pode ser um ponto extra em prol do jogo.

Contudo, apesar das boas intenções, é visível a falta de polimento do jogo. Os gráficos deixam a desejar, as dublagens têm qualidade duvidosa e as mecânicas, que bebem da fonte do gêneros soulslike, talvez não se adequem a um título Triple A da nova geração.

The Last Oricru gameplay

Imagem: Igor Shimabukuro/blog KaBuM!

Dito isso, The Last Oricru pode valer a pena para quem curte narrativas e jogos com diálogos, mas talvez não satisfaça em termos de gameplay — que dura em média 14 horas.

De todo modo, a GoldKnights parece ter entendido minimamente a fórmula para criar um game de sucesso. E talvez com um pouco mais de polimento e atenção a recursos como personalização, gráficos e mecânicas, consiga uma recepção melhor em seus próximos jogos.

*O game foi analisado por meio de uma cópia via Steam fornecida pela Prime Matter.

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