Você ainda acredita no “metaverso”? Porque a Meta definitivamente é uma figura de fé. De acordo com reportagem publicada pela Bloomberg, a “empresa-que-um-dia-se-chamava-Facebook” convocou jornalistas estadunidenses para reafirmar seu compromisso com o conceito de se criar um amplo universo virtual.

A reunião, diz a agência, foi apresentada por Nick Glegg, chefe de assuntos globais da Meta, e foi conduzida…no próprio espaço da empresa no metaverso. A Bloomberg descreveu a ocasião como “um punhado de troncos com rostos exibidos em uma mesa de madeira virtual e headsets Meta Quest emprestados”.

Avatar de Mark Zuckerberg, CEO da Meta

Imagem: Meta/Reprodução

“Nós vamos continuar firmes [no metaverso], porque nós realmente acreditamos, e todas as evidências primárias sugerem que isso vai ser o coração das novas plataformas de computação. Mas vai demorar um pouquinho.” – Nick Glegg, Head de Assuntos Globais da Meta

O discurso bate de frente com especulações advindas de ações passadas da empresa: neste mês de março – depois de demitir milhares de funcionários no começo do ano – a Meta colocou “na berlinda” mais um bom volume de empregos, muitos deles relacionados ao desenvolvimento do metaverso da companhia liderada por Mark Zuckerberg.

Foi isso, aliás, que levou a especulações de que a Meta estaria deixando de lado todo o conceito de “metaverso” (algo que um acionista, pelo menos, já vinha sugerindo desde o ano passado) para investir na inteligência artificial generativa, um campo popularizado pelo ChatGPT e aplicações similares.

Ao que tudo indica, porém, a Meta vai continuar a desenvolver o projeto que, de tão grandioso, fez até a empresa mudar de nome – mesmo que estimativas já venham apontando que ela perdeu US$ 13,7 bilhões (R$ 69,80 bilhões). O problema: a indústria parece estar se afastando cada vez mais do tema.

A Microsoft tinha um projeto de metaverso voltado para as indústrias, mas dificilmente vai retomá-lo depois das 10 mil demissões feitas em janeiro deste ano. Pouco depois, a empresa firmou parceria com a OpenAI e incorporou o ChatGPT ao Bing. A Disney foi mais além: todos os funcionários envolvidos em seu projeto de metaverso foram demitidos, como parte de uma política de economia de custos.

Há também que se considerar o “outro” problema da Meta: a empresa é uma forte proponente dos dispositivos de realidade virtual (VR) – um campo bastante denso em produtos, mas incrivelmente caro e, consequentemente, com baixa adoção. Uma análise do NPD Group apontou queda de aproximados 12% em faturamento – ironicamente, o mesmo levantamento questiona se o público “ainda quer” saber do metaverso.

Voltando à coletiva, a Bloomberg apontou diversos bugs: quando uma pessoa falava, todos os avatares presentes moviam suas bocas. Clegg disse que a expectativa é a de que negócios de publicidade e comércio no metaverso farão a empresa reaver os bilhões investidos na tecnologia.

“Nós sempre tivemos a clareza de falar que estamos nisso pelo longo prazo. Isso não vai acontecer do dia para a noite.”

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