O Google é imenso? Sim. Ele está em todo lugar? Também. Bom, agora temos um preço para isso: segundo documentações judiciais recentemente publicadas sobre o processo antitruste respondido pela empresa de Mountain View, foram US$ 26,3 bilhões gastos por ela, em 2021, para que o seu mecanismo de busca fosse o principal nas maiores plataformas tecnológicas atuais.

Para fins de reconhecimento, o Search é o buscador primário nos navegadores Firefox, Safari e Opera. Desta seara, escapa apenas o Edge, da Microsoft – ele usa o Bing. Fora isso, ele também é o mecanismo oficial do Android (óbvio, já que ambos pertencem ao Alphabet). E isso não inclui os inúmeros e inúmeros sites que usam a API da empresa para inserirem o seu buscador em suas páginas (estes são distribuídos de outra forma).

Captura de tela da página inicial do motor de busca do Google

Imagem: reprodução/Google

Para colocar as coisas em contexto: de acordo com o seu relatório financeiro mais recente, o Google teve faturamento de US$ 44 bilhões no último trimestre, e US$ 165 bilhões no último ano fiscal. Com essas cifras, apenas os acordos de distribuição da empresa para o seu buscador tomar a maior parte da internet “comeram” perto de 29% dos valores obtidos por ela. Apenas pense no PIX disso tudo aí…

Apple leva a maior parte da grana do Google

Apesar de concorrentes, Apple e Google gozam de uma parceria comercial para distribuição do buscador da empresa de Mountain View: dos US$ 26,3 bilhões acima, US$ 18 bilhões vão para a fabricante do iPhone e do iPad.

Desde 2012, a Apple vem tentando encontrar formas de coibir a entrada de aplicações da concorrente em suas plataformas: Apple Maps, uma ênfase maior no iCloud e tentativas de “esconder” o Drive…e por aí vai.

Na parte de busca, no entanto, a coisa foi mais aprofundada: embora isso tenha efetivamente impedido a Apple de construir seu próprio mecanismo de busca, o Google dedicou a maior parte de seu orçamento de distribuição para a empresa de Cupertino.

E isso vem de admissão do próprio Google ou, pelo menos, de um “ex-googler”: John Giannandrea, que trabalhou na empresa (e, hoje, ironicamente, lidera os esforços de inteligência artificial…na Apple), a fabricante do iPhone considerou tudo para afrontar o maior buscador da internet – incluindo comprar o Bing, da Microsoft.

Ao final de tudo, porém, prevaleceu a negociação: por meio de umas cifras doentes, a Apple viu que o melhor caminho era se juntar ao seu principal concorrente (e tirar uma graninha dele para isso).

O processo em questão busca justamente avaliar se as práticas do Google – essencialmente, atirar dinheiro onde der para garantir que seus produtos estejam – é em si uma prática que consolidaria um monopólio. O Google afirma deter a maior parte do setor por ser melhor que a concorrência, mas a posição definitiva ainda deve demorar para aparecer.

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