Nos últimos dias, mais de 100 episódios do podcast de Joe Rogan têm sido deletados pelo Spotify. Daniel Ek, CEO da plataforma de streaming, pediu desculpas aos seus funcionários pela forma como o controverso programa tem os impactado. Apesar do lamento, ele afirmou que não há planos de remover o podcaster, acusado por cantores como Neil Young e Joni Mitchell de espalhar desinformação sobre as vacinas contra Covid-19.

Spotify retira episódios de Joe Rogan do ar, mas diz que silenciá-lo é uma "inclinação escorregadia"

Imagem: Magnus Höij/Flickr

Em nota aos funcionários, Ek escreveu que “não há palavras que eu possa dizer para transmitir adequadamente o quanto lamento pela forma como o controverso ‘The Joe Rogan Experience’ continua a impactar cada um de vocês”. Ele comentou também sobre um vídeo compilado de conversas de Rogan, compartilhado na sexta-feira em mídias sociais, usando o termo “N-word” (um eufemismo para se referir à palavra negro). “Não só alguns dos comentários de Joe Rogan são incrivelmente dolorosos — quero que deixem claro que eles não representam os valores desta empresa”, disse Ek. “Eu sei que esta situação deixa muitos de vocês se sentindo drenados, frustrados e sem ouvidos”.

Em sua defesa, Rogan disse “não estou tentando promover a desinformação, não estou tentando ser controverso. Eu nunca tentei fazer nada com este podcast a não ser apenas falar com as pessoas”, disse em um pedido de desculpas em separado na semana passada. No sábado, o comediante descreveu o vídeo compartilhado como “horrível” e disse que era a “coisa mais lamentável e vergonhosa” sobre a qual ele já teve que falar publicamente. De acordo com Rogan, o vídeo é composto por clipes “tirados de contexto” de 12 anos de conversa no podcast.

Entretanto, ele admitiu que durante muito tempo ele apenas diria a palavra em vez de usar o termo “N-word”. “Eu pensei que enquanto estivesse no contexto, as pessoas entenderiam o que eu estava fazendo”, disse Rogan.

Spotify diz ter “linhas claras em torno de conteúdo”

Apesar dos vários episódios do programa de Rogan terem sido removidos do Spotify durante os últimos dias, Ek não tem planos de retirar o suporte dado ao podcaster. “Embora eu condene fortemente o que Joe disse e concordo com sua decisão de remover episódios passados de nossa plataforma, percebo que alguns vão querer mais”, disse. “E quero deixar um ponto muito claro — não acredito que silenciar Joe seja a resposta”. Devemos ter linhas claras em torno do conteúdo e agir quando elas forem cruzadas, mas cancelar vozes é uma inclinação escorregadia”, defendeu.

Spotify amplia vídeo podcasts para mais criadores

Foto: Spotify

Em vez disso, o CEO prometeu investir US$ 100 milhões para o licenciamento, desenvolvimento e comercialização de música e conteúdo em áudio de grupos historicamente marginalizados.

Na quinta (3), em entrevista à CNBC, Ek disse estar satisfeito com a resposta da empresa à crescente controvérsia em torno da desinformação de Covid na plataforma.

Em janeiro, além do Spotify ter sido boicotado por artistas como Neil Young e Joni Mitchell por seguir hospedando o podcast de Rogan, 270 médicos pediram em uma carta aberta à empresa sueca medidas contra o programa do comediante americano, acusando-a de transmitir desinformação.

Além disso, a plataforma tem estado sob fogo por hospedar os episódios: em 2019, o Spotify comprou os direitos da exclusividade de transmissão do “The Joe Rogan Experience”, segundo fontes, por mais de US$ 100 milhões.

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