O Brasil é um dos 10 países do mundo que mais consome energia solar desde maio de 2021. “É cada vez maior a quantidade de brasileiros que pensam em investir”, afirma Gláucio Hax, especialista do CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações). Com a chegada de carros elétricos com teto fotovoltaicos, aviões movidos à energia batendo recordes de velocidade e até a computação e a conectividade mudando para eletricidade, não é de se espantar.

Gerar energia solar é uma decisão que precisa de alguns estudos e cuidados por parte do consumidor. No entanto, especialistas da área confirmam que os brasileiros têm tido menos gastos para implantar placas de energia fotovoltaicas. O tempo de retorno do investimento no equipamento, que já foi de décadas, agora está entre 2 e 5 anos.

Avião elétrico da Bell

Avião elétrico inovador para guerras aéreas – Imagem: Bell

Dois fatores principais afetam o custo da energia solar: a conta de luz nas alturas e o preço dos equipamentos em queda. O segundo fator teve até uma variação de preço durante a pandemia, com a escassez de material e interrupção na produção de fornecedores. Ainda assim, no geral, a tecnologia de geração de energia tem equipamentos cada vez mais baratos e menores.

Hoje, no Brasil, são quase 700.000 unidades consumidoras deste tipo de energia. Em um ano, a potência instalada quase dobrou de 7,8MW para 11,5MW em 2021. Os dados são compilados pela ABSolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) com base em números da IEA (Agência Internacional de Energia) e da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

No Brasil, a energia fotovoltaica extra gerada ainda não pode ser vendida diretamente pelo consumidor final. No entanto, pode ser transformada em créditos que são abatidos da conta de luz até mesmo de outras unidades de consumo que estejam sob o mesmo CPF ou CNPJ cadastrado na concessionária.

Mudanças no setor não estão fora de pauta. “A resolução 6482 da ANEEL sobre créditos de energia é de 2012 e será transformada em lei”, afirma Lucas Tróia, da Enphase Energy. “Com o amadurecimento do mercado, é positiva esta mudança”, completa.

O que deixa os consumidores preocupados é o aumento de tributos sobre a modalidade de energia que vem com a mudança, chamado “imposto do sol”. Ainda assim, a forma de energia é muito competitiva, tendo sido uma das mais baratas nos leilões para as concessionárias de grandes empresas geradoras.

Do carro ao telhado elétrico: o futuro da energia fotovoltaica

Para ter energia solar, não é necessário uma grande infraestrutura. “Basta ter uma instalação física que comporte a instalação dos módulos”, afirma Hax. No caso de uma residência, é preciso ter uma boa área de telhado. O cenário ideal é a gestão completa da energia necessária para o dia a dia com equipamento fotovoltaico. “É possível ter os painéis no telhado gerando energia, microinversores transformando-a, baterias para falhas eventuais da rede e carregador na garagem para o carro elétrico”, desenha o executivo da Enphase.

Avião elétrico da Rolls-Royce

Avião elétrico da Rolls-Royce – Imagem: divulgação

Neste cenário de futuro, os países com consumidores que investem nesta modalidade de energia terão mudanças significativas. “Há planos de desligarem as usinas nucleares ou de carvão e substituir por fotovoltaicas”, conta o pesquisador do CPQD. A Alemanha é o país que mais avança nessa direção. O Japão já possui energias solares flutuantes em lagos para mudar o investimento de energia nuclear para hidrelétrica e fotovoltaica.

Outras formas de energia também lucram com a energia solar. A geração de energia com o hidrogênio passou a ser mais próxima dos países com a energia fotovoltaica. “O hidrogênio verde combina esta modalidade de energia com a solar como apoio para manter os equipamentos necessários”, conta Hax. Ao contrário da nuclear, a energia do hidrogênio não é radioativa e atrai por ter um risco menor de acidentes graves.

“O fato é que, no futuro, precisaremos da energia solar para nos mover”, sentencia Hax. “Com o aumento da mobilidade elétrica, carros, ônibus e a maioria dos transportes deverão necessitar de energia e a fotovoltaica é a melhor opção para gerenciar essa demanda”, esclarece.

Custos viabilizam a mudança para a energia solar

Além da redução de custos, as características não-poluentes da energia solar têm facilitado a mudança para muitos consumidores. Já são R$ 58,2 bilhões em investimentos privados, mas o poder público não chega a 2% do total dos consumidores. Esta é uma realidade que apelo ambiental e as parcerias público-privadas pode mudar para o setor.

Toyota 100% elétrico

Toyota bZ4X, carro elétrico com teto fotovoltaico – Imagem: divulgação

A Enphase Energy realizou um projeto com uma escola pública na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, que indica caminhos para estas parcerias. “Fizemos uma instalação lá e a escola gera sua própria energia e diminui seus custos”, conta Tróia. Além da ação de marketing social, a empresa fez a formação de professores na escola que repassam aos alunos os conceitos da relação entre energia e preservação do meio ambiente.

Para o consumidor final, a decisão de investir em energia solar “vai depender da conta”, afirma Tróia. “Uma família média brasileira pode fazer a mudança com R$ 25 a 30 mil e considerando o valor da conta de energia da concessionária, isto significaria um retorno de investimento de 2 a 5 anos”, afirma o porta-voz. Consumidores devem começar a observar o valor de suas contas de energia e medir o investimento e o tempo de retorno para decidir pela mudança.

“A energia eólica é a concorrente mais próxima da fotovoltaica mas é uma opção para grandes consumidores e traz bastante ruído, sendo mais utilizada longe dos centros urbanos”, conta o porta-voz do CPQD. Além da hidrelétrica, esta forma de energia renovável atrai o consumidor industrial e deve continuar crescendo. Para o cidadão brasileiro que só quer parar de pagar contas de luz e gasolina altíssimas, no entanto, tudo indica que há um lugar ao sol, com a energia que ele provê.

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