O fundador do WikiLeaks Julian Assange recebeu na manhã desta sexta-feira (17) a autorização de extradição aos Estados Unidos do governo britânico. Se extraditado, o jornalista deve enfrentar acusações de espionagem pela publicação de centenas de milhares de documentos vazados que denunciam atrocidades cometidas pelos EUA, principalmente nas invasões ao Afeganistão e Iraque, durante a chamada guerra ao terror, e ser condenado a 175 anos de prisão.

Governo britânico aprova extradição de Assange aos Estados Unidos

Imagem: LapaiIr Krapai/Shutterstock.com

Logo após o anúncio feito por Priti Patel, o WikiLeaks publicou um comunicado dizendo que qualquer um no país que se importe com a liberdade de expressão, deveria estar “profundamente envergonhado” que a ministra do Interior tenha aprovado a extradição de Julian Assange.

“Este é um dia sombrio para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica.”, diz o comunicado.

“Julian não fez nada de errado…”. “Estava no poder de Priti Patel fazer a coisa certa. Em vez disso, ela será lembrada para sempre como cúmplice dos Estados Unidos em sua agenda para transformar o jornalismo investigativo em uma empresa criminosa.”

“Hoje não é o fim da luta. É apenas o começo de uma nova batalha legal. Recorreremos por meio do sistema legal; o próximo recurso será perante o tribunal superior.”

“Julian não fez nada de errado. Ele não cometeu nenhum crime e não é um criminoso. Ele é um jornalista e um editor, e está sendo punido por fazer seu trabalho”.

A decisão do governo britânico também causou uma onda de condenações por organizações de direitos humanos e de liberdade de imprensa.

Julian Assange_freedom of the press

Imagem: @DEAcampaign

A diretora Rebecca Vincent da campanha internacional do Reporters Without Borders em oposição à extradição descreveu o fato como “vergonhoso”. “Outra falha do Reino Unido em proteger o jornalismo e a liberdade de imprensa, trazendo Julian Assange a um passo do desfecho da extradição”, criticou.

Pelo Twitter, o ex-agente da CIA Edward Snowden também comentou a notícia desta sexta. “Difícil de acreditar, mas parece real. Todos os grupos sérios de liberdade de imprensa do mundo protestaram contra isso. É um símbolo terrível do quanto o compromisso dos governos britânico e americano com os direitos humanos têm declinado.”, lamentou.

“Como podemos condenar abusos autoritários no exterior como este?”, questiona Snowden, ao se referir à narrativa repetida exaustivamente por países ocidentais ditos democráticos em relação às ações de governos autoritários.

Snowden também pediu a não extradição do jornalista usando a hashtag #DontExtraditeAssange (“Não extradite Assange”, em tradução livre).

A autorização chega após uma longa batalha que dura uma década, quando a perseguição política foi continuada pelo então presidente Obama ao jornalista, que pediu asilo na embaixada do Equador em Londres e lá ficou até ser arrastado pela polícia britânica em abril de 2019. Desde então, Assange, de 50 anos, aguarda a decisão na prisão de segurança máxima de Belmarsh.

Embora a decisão seja um duro golpe na defesa de Assange, os advogados do editor do WikiLeaks têm 14 dias para apelar contra a decisão da ministra. Apoiadores da causa do australiano pedem doações à campanha de crowdfunding para arrecadar fundos em defesa do jornalista.

Governo britânico aprova extradição de Assange aos Estados Unidos

Imagem: Assange Defense

 

Com informações de Associated Press, Vice, The Guardian e The Dissenter

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